Noviciado Panam em tempos de pandemia

Nas Américas, as missionárias servas do Espírito Santo (SSpS) estão presentes no Brasil, Argentina, México, Estados Unidos, Cuba, Bolívia, Chile, Paraguai, Equador, São Cristóvão e Névis, Jamaica e Antígua e Barbuda.

Há vários anos, a formação das noviças do continente vem sendo realizada no Paraguai, com a colaboração das irmãs das 11 províncias e regiões, que é a forma como estão organizadas. No momento, são três noviças no primeiro ano e mais três do segundo ano em estágio missionário. São quatro brasileiras: Crislaine Mayra Lopes Pereira, Valdirene Pereira da Silva, Janice Santos de Santana e Patrícia Zeponi, uma do México, Tania López Silva, e outra da Argentina, Gilda Leguizamón. As formadoras são as irmãs Graciela Castro e Eva Tapia.

As noviças do primeiro ano entraram no dia 9 de fevereiro. Elas receberam as Constituições SSpS e uma medalha para usar como sinal de pertencimento e compromisso de seguir a Cristo nessa etapa de formação.

Assim descrevem a rotina delas: “Em um ambiente comunitário e fraterno, compartilhamos nossas experiências pessoais, culturais e espirituais, bem como a ajuda mútua no trabalho e estudo”. Além disso, elas se encontram com as comunidades vizinhas do postulantado e da Casa de Retiros, para participar da missa, comemorar os aniversários e as grandes festas da Igreja e da Congregação.

Janice

Por causa da pandemia do novo coronavírus, as noviças não têm aulas fora, mas continuam normalmente com os estudos em casa e acompanham o que está acontecendo no mundo. “Como comunidade, seguimos as ordens sanitárias específicas e nos unimos à Igreja e às necessidades do mundo com nossas orações diárias e adoração ao Santíssimo. Participamos de celebrações eucarísticas diárias pelos meios de comunicação.” Elas também seguem as notícias e refletem como vivenciar a situação atual.

Janice, que está no primeiro ano de noviciado, diz que está bem e aproveitando o tempo para rezar mais e estar mais presente na comunidade. Para ela, a pandemia não é só física, mas também espiritual.

Experiência intercultural nas comunidades

Durante o segundo ano de noviciado, as noviças são enviadas para um estágio de seis meses em comunidades SSpS, em diferentes realidades de missão. A experiência é em outro país, favorecendo a vivência da interculturalidade. Aqui trazemos um breve relato das experiências das duas noviças brasileiras.

Crislaine está na pequena cidade de Governador Roca, em Missiones, Argentina. Segundo ela, um local bem organizado, mas onde se sente “a diferença entre poloneses e indígenas”, fruto “de uma história que não foi construída a partir da comunhão, mas por uma separação bem intensa”.

Crislaine

Ela vive na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, dentro de um colégio, com outras cinco irmãs que se dedicam à educação, casa de acolhimento para idosos abandonados e pastoral indígena. Antes de iniciar a quarentena, ela foi com uma das irmãs ajudar nas escolas das comunidades aborígenes e sente não poder continuar por causa da pandemia. “Foi forte para mim e intenso perceber o quanto são marginalizados e excluídos pela mesma sociedade, e a luta que têm para conseguir seus direitos”, conta Crislaine.

A noviça ficou com as crianças de primeira a terceira série e se sentiu muito tocada: “O brilho no olhar de cada uma delas é fascinante; a confiança que têm nos professores me faz sentir a presença amorosa de Deus que vem todos os dias ao nosso encontro”, diz. No colégio das irmãs, colaborou com uma turma da primeira série e também acompanhou como as irmãs partilham a espiritualidade com os professores, alunos e famílias.

Mas, na Argentina, durante a pandemia, as irmãs estão fechadas em casa e ninguém sai à rua sem motivo, sob pena de prisão… Enquanto isso, Crislaine está ajudando no trabalho na casa dos idosos, na cozinha, na limpeza e “em tudo o que for necessário para atender melhor nossos avozinhos”, explica. “Para mim, está sendo um momento bem reflexivo poder estar com eles. São lindos! E o que mais querem é que alguém que os escute e esteja ao lado deles segurando seu braço”, afirma.

A noviça Crislaine junto com as irmãs de sua comunidade, na cidade de Governador Roca, Argentina.

Valdirene foi enviada para a cidade de Nova Esperança, Argentina Norte, numa pequena comunidade com três irmãs que atuam em diversas pastorais, principalmente na catequese familiar e com crianças, Infância e Adolescência Missionárias (IAM), pastoral familiar, formação bíblica, liturgia, trabalho social numa enfermaria e com Cáritas.

Valdirene

Ela começou muito animada o trabalho pastoral, as visitas às comunidades pertencentes à Paróquia Nossa Senhora das Mercês e a conhecer as pessoas. Conta que “o povo é muito simples, gentil e acolhedor”. Pediram-lhe que acompanhasse as catequistas e as famílias da periferia.

Veio então o tempo de quarentena, e ela, junto com as demais irmãs, tiveram de interromper as atividades e seguir as orientações do governo, ficando em casa. Mas isso não impediu que a comunidade encontrasse outras formas de serem missionárias.

Valdirene conta que, na comunidade, as irmãs estão fazendo uma hora de adoração de segunda a sexta-feira para rezar pelas famílias e pelo mundo durante o tempo de pandemia. Criaram também grupos pelas redes sociais para enviar mensagens de ânimo e de evangelização, a liturgia diária e vídeos. “Para estarmos conectadas uns com os outros e para levar fé e esperança àqueles que mais necessitam”, explica a noviça.

A pesar de a pandemia ter mudado seus planos e expectativas, Valdirene diz que “está sendo uma oportunidade para aprender e experimentar a interculturalidade”, uma característica tanto da comunidade onde está como também da Congregação. Ela conta que se sente desafiada a lidar “com o sentimento de impotência frente o covid-19 e a incerteza de quando tudo isso termina, porque ninguém está livre de contaminação”, e conclui afirmando que está fazendo seu processo de aceitação.

A noviça Valdirene junto com as irmãs de sua comunidade, na cidade de Nova Esperança, Argentina.

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