Já dizia o sociólogo Zygmunt Bauman: “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. O estudioso polonês dedicou sua vida a estudar a condição humana, escreveu 50 livros e é considerado um dos pensadores mais importantes do século XX. Seu trabalho pode ser relembrado pelo termo “sociedade líquida”, que ele usou para descrever a sociedade de hoje.
Sabemos que hoje as relações têm sido mais difíceis e menos duradoras, afinal, numa sociedade de consumo, estamos acostumados com tudo rápido e imediato. Quando alguém quer algo, é só ir à loja mais próxima e comprar; se quebrou, é só substituir. Pra que gastar tempo consertando algo que pode ser substituído facilmente? Esse pensamento tem refletido na ética, na política e nos valores humanos, causando uma crise nas relações interpessoais em nível global.
Quando falamos de amizade, não tem sido muito diferente. Com o avanço das redes sociais, todo mundo tem milhares de “amigos” no Facebook e seguidores no Instagram, o que dá a falsa sensação de muitas amizades. Há muitos que não se importam em bloquear ou excluir alguém que disse ou postou algo de que não gostou. Um contato a menos certamente não fará diferença entre os 1.800 amigos que a pessoa tem no Facebook.
Mas a questão não é sobre excluir alguém de sua vida ou não, mas a forma como as pessoas têm lidado com os conflitos nos relacionamentos. Brigas, discussões, desacordos todos teremos, ninguém concorda 100% com o outro, mas é importante que haja esforço de ambas as partes para entender o ponto de vista da outra pessoa. O segredo para uma amizade duradoura é ter respeito, empatia, saber ouvir, não guardar mágoas e entender e aceitar a individualidade do outro.
Um estudo feito pelas psicólogas sociais Carolyn Weisz e Lisa F. Wood, da Universidade de Puget Sound, em Tacoma, Washington, concluiu que o apoio à nossa identidade social é fundamental para que nossas relações durem. Em outras palavras, procuramos amigos que entendam e validem a ideia que temos sobre nós mesmos e sobre o nosso papel na sociedade ou grupo do qual fazemos parte. Por exemplo, um cristão pode ter como melhor amigo alguém que não tenha religião, desde que esse amigo apoie sua identidade como cristão.
Se quiser que sua amizade dure, respeite, coloque-se no lugar de seu amigo ou amiga e, principalmente, aceite-o do jeito que ele é.