“O amor é a força mais poderosa que o mundo possui”

O Dia Internacional da Não Violência é comemorado em 2 de outubro. A data recorda o aniversário de Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido como “Mahatma” (que significa “Grande Alma”). Ele foi um dos mais influentes ativistas políticos e líder do movimento de independência da Índia. Foi ainda um pioneiro da filosofia e estratégia de não violência.

A vida e os ensinamentos de Gandhi inspiraram líderes como Martin Luther King, nos Estados Unidos; Nelson Mandela, na África do Sul; e Aung San Suu Kyi, em Mianmar, que fizeram sem violência as mudanças que consideravam necessárias.

A violência acontece não somente nas guerras e conflitos, mas em todas as situações em que se abusa das pessoas, reduzindo sua autoestima e sua autoconfiança ou valor próprio, levando-as a uma experiência de impotência. A omissão em trazer a paz e a fraternidade também é um tipo de violência, bem como sua aceitação passiva e quando confundimos violência com justiça, considerando-a útil para sociedade. A violência não é somente contra as pessoas, mas também o esgotamento dos recursos naturais, desmatamento, poluição ambiental e extinção de espécies.

Dom Thomas Menamparampil, que trabalha pela paz entre os diversos grupos étnicos no nordeste da Índia, diz: “A memória não é o que aconteceu, mas o que as pessoas sentiram”. Se rastrearmos a história das guerras travadas em termos de religiões, raças e etnias, veremos como cada comunidade de pessoas sentiu e viveu, individual e coletivamente, as lembranças dos efeitos da guerra. Eles guardam memórias negativas.

Muitas vezes, a história é escrita de uma maneira que mantém vivas as memórias negativas e promove o preconceito. Acredito que precisamos curar nossas memórias para construir a tolerância e ser capaz de ver a riqueza de cada pessoa e em cada cultura e religião.

Em nome da manutenção da lei e da ordem, quanta violência ocorre nos países… É ironia que a justiça de uma pessoa seja a injustiça de outra. Tornou-se trivial a busca apenas de vingança e, da outra parte, a contravingança. Não é de se admirar que as piores injustiças, as transgressões mais sangrentas e injustificáveis sejam cometidas diariamente em nome da justiça.

No passado, as armas foram fabricadas para se defender e se proteger dos perigos dos animais, mas logo foram utilizadas contra próprio semelhante. Hoje, a indústria bélica promove a guerra e a violência por questões econômicas. Uma nação poderosa é definida por sua artilharia, energia nuclear e força do exército.

Tenho um primo na Índia que é soldado. Uma vez, quando voltou de férias, ele presenteou seu filho com uma arma de brinquedo. O menino ficou muito feliz ao receber a arma e agiu como um herói, atirando nos familiares como se fossem os inimigos, e eles atuavam como se estivessem morrendo. Comecei a refletir e cheguei à conclusão de que os pais se tornam inconscientemente agentes de violência. Muitos filmes também promovem a morte horrível de “inimigos”. Para as crianças, o filme é uma realidade, e os heróis são seus modelos.

“Se quisermos ensinar a paz verdadeira neste mundo e travar uma guerra real contra a guerra, teremos de começar pelas crianças”, dizia Gandhi. Elas são criadoras do amanhã. Se uma criança cresce em um ambiente positivo e amoroso, ela semeará simpatia e amor nos corações dos outros.

Fiquei cativada ao ver as abelhas zunindo e ocupadas coletando o néctar em volta das flores da laranjeira. As abelhas que voam de flor em flor transferem acidentalmente o pólen e ajudam na procriação. Nós destruímos a vida enquanto a natureza a promove. Os animais matam outros animais para comer, o que é uma lei natural. Não é natural que eles matem os da própria espécie. Somente o ser humano mata sua própria espécie, e isso até se tornou algo normal, mas não deveria ser assim.

Qual é nossa resposta à violência a nosso redor? Mahatma Gandhi dizia: “Seja a mudança que você deseja ver no mundo”. Uma pequena ação ou uma simples palavra pode causar enormes consequências positivas ou negativas. Uma pessoa comum é esquecida quando morre, mas uma “grande alma”, como Gandhi, nasce em sua morte, criando uma nova aurora de esperança. Podemos criar no pequeno mundo a nosso redor, com aqueles que fazem parte de nossa comunidade, amigos, familiares e pessoas com quem trabalhamos, uma vida melhor mediante a aplicação da lei do amor contra o ódio, ciúme, inveja, vingança e inimizade. “O amor é a força mais poderosa que o mundo possui. Ao mesmo tempo, é a mais humilde que se possa imaginar”, Mahatma Gandhi.

Ir.Elizabeth Rani, é missionária serva do espírito santo, nascida na Índia e há um ano no Brasil. Estudou Pedagogia e Literatura Inglesa e faz parte
da Equipe de Comunicação da Província.

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