Há algo em nós que precisa ser evangelizado? Façamos uma breve “pesquisa” honesta e tenhamos a coragem de olhar-nos de frente, sem subterfúgios. A seguir, um breve roteiro.
Todos temos consciência de nossas finitudes e fragilidades que se manifestam em nossas atitudes e comportamentos. Por exemplo: em nossas mazelas; em nossos apegos; em nossos egoísmos; em nossas manias de julgamentos apressados sobre os outros; em nossos humores alterados; em nossas mágoas carregadas de rancores; em nossas malícias sensuais; em nossos preconceitos; em nossas percepções distorcidas da realidade interpretadas como reais; em nossa avidez por prestígio; em nossas prepotências em relação aos outros; em nossos apegos exagerados aos bens materiais; em nossas relutâncias em sermos solidários; em nossa indiferença diante do sofrimento alheio; em nossa preguiça em discernir à luz da Palavra de Deus; em nossa autossuficiência; enfim, em nossos pecados.
Eis aí uma pequena lista de aspectos que precisam ser mais bem evangelizados em nós. Nosso discurso religioso de cristãos nos remete sempre ao Evangelho. É ele o referencial para uma vida realmente digna, ele nos mostra o caminho da verdade.
Se olharmos os itens apontados acima, veremos que, em muitos deles, estamos com notas vermelhas, reprovados, precisando de recuperação. Cada um sabe onde sua fraqueza predomina, seu “espinho na carne”, em que precisa melhorar, ser mais autêntico e transparente. O caminho para a santidade é exigente. Ninguém está dispensado do esforço de conversão. Cotidianamente, nós nos deparamos com nossas fraquezas, e elas sugerem que temos caminho pela frente que exige empenho e compromisso.
A vivência do Evangelho está ao alcance de todos, mas é preciso assumi-lo com convicção e seriedade. Muitos de nós cristãos o somos somente em palavras, sem comprometimento de coração. Salvam-se as aparências com algumas rezas ou ações beneficentes, mas a vida mesma está longe do compromisso fiel e perseverante com as exigências evangélicas. Fazendo um pequeno teste, podemos nos expor, por exemplo, ao Evangelho, quando nos diz: ame seus inimigos e reze por eles. Perdoe até setenta vezes sete. Vista o desnudo, dê de comer a quem tem fome. Não julgue. Visite o doente. Quem quer ser o maior seja o que mais serve!
Diante do Evangelho, não temos aposentadoria, isto é, permitirmo-nos à indiferença porque já rezamos tanto e fizemos tanta caridade. Como se vê, temos muito a evangelizar em nós mesmos!
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS
Padre salvatoriano há 43 anos, professor e psicólogo pela Universidade Gregoriana de Roma, com mestrado em Psicologia e doutorado em Ciências da Religião. Atualmente é pároco em Videira-SC.