O que seria do mundo sem a Filosofia? Quais legados recebemos da Grécia? Já refletiu sobre “de onde viemos”, “quem somos”, “para onde vamos”? O que é um filósofo ou uma filósofa? Qual seu papel na sociedade?
O filósofo ou a filósofa é uma pessoa responsável por estudar a natureza, buscando entender a existência das coisas, os valores, os sentidos, os fatos. Ao analisar a situação, propõe solução para o problema da época e, assim, alerta a sociedade, criando conceitos. Você sabia que 16 de agosto é Dia do Filósofo?
A data foi escolhida por nela ser atribuído o nascimento de Aristóteles, no ano 384 a.C. Ele foi o pensador mais influente da história. Inspirado em Platão, seu mestre, desenvolveu estudos sobre a alma humana: a lógica, a busca pela essência e a classificação dos seres, a busca pelo conhecimento com base na experiência do mundo sensível.
Para adquirir sabedoria, o profissional da Filosofia procura, de modo lúcido e consciente, o conhecimento. Pitágoras é considerado, pela tradição, o inventor do termo “filósofo”, que significa “amigo do saber”. Atua na área do ensino e da educação em geral.
Nesse sentido, o desafio dos filósofos e das filósofas em relação ao ensino de Filosofia em nosso País é a política educacional. Em governos que não têm interesse em promover à população uma educação emancipadora, de qualidade, necessária para o exercício da democracia plena, a disciplina sofre mudanças na carga horária, na etapa final do ensino médio.
No Período Colonial, os jesuítas iniciaram o ensino de Filosofia até serem expulsos. No Período Republicano, a disciplina foi e voltou várias vezes no currículo. Sua ausência nas escolas públicas, durante a ditadura militar, deixou uma lacuna na formação dos cidadãos brasileiros. Com a redemocratização, a Lei e Diretrizes de Base da Educação Nacional, desde 1996, estabeleceu a volta da Filosofia no ensino médio. Infelizmente, tem sofrido novamente insuficiência curricular. Os filósofos e as filósofas reivindicam a implantação dessa disciplina desde o ensino fundamental.
As universidades federais são as responsáveis pela formação do profissional de Filosofia. Embora, desde a Filosofia grega, as filósofas não fossem apresentadas no cânone filosófico, desde o movimento feminista, têm sido pesquisadas pensadoras ocultadas. Entre elas, estão Hipátia de Alexandria (grande matemática); Olympe de Gouges (criadora da Declaração Universal da Mulher e da cidadã, em 1791); Margareth Cavendish (que refletiu a importância de as mulheres se reunirem e serem reconhecidas pelo estudo); e Gabrielle Suchon (defensora do direito das mulheres ao conhecimento e a viverem solteiras). As filósofas inspiram a liberdade.
A partir da década de 1960, pensadoras emancipadas em seu tempo favoreceram avanços internacionais das mulheres de conquistar seu espaço na sociedade, permitindo ver, sentir e cuidar melhor da vida. Simone de Beauvoir (1908-1986), Marilena Chauí (1941), Viviane Mosé (1964), Djamila Ribeiro (1980), entre outras, pensaram num mundo melhor para todos, como combater o feminicídio, a violência doméstica, o racismo, o etarismo. Defendem a igualdade salarial, enfim, a dignidade humana.
Que o Dia do Filósofo (e da Filósofa) não seja apenas uma homenagem no calendário, mas uma luta pela conscientização de políticas públicas à dignidade humana, como afirmou o filósofo italiano Antonio Gramsci: “Todos os homens são filósofos”.
Maria Terezinha Corrêa
Mestra em Antropologia, especialista e mestranda em Ensino de Filosofia, graduada em Pedagogia, filiada à ABA, Apeoesp, Sintram e SBPC, leciona na Prefeitura de São José-SC, membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura (ALESC), líder da Pastoral da Pessoa Idosa.