Celebramos novamente a Páscoa, nossa principal festa cristã. Celebramos a ressurreição de Cristo. Esse é o fato mais importante da história da humanidade, embora muitos não o reconheçam. Na verdade, trata-se de um mistério de nossa fé. O fato de ser mistério não significa ser incompreensível. Nós conseguimos entender até onde nossa inteligência é capaz e nossa fé alcança. O mistério sempre ultrapassa os horizontes humanos e se insere na esfera do divino.
A ressurreição de Jesus é um fato histórico testemunhado não apenas pelos discípulos de Jesus, mas por muita gente; como São Paulo diz, mais de quinhentos. Não somente as aparições do Ressuscitado são testemunhas de sua ressurreição, mas também o que ocorreu depois dela na vida dos apóstolos e de outros seguidores. Prova ainda da ressurreição de Cristo é o fato de ela ter acontecido há mais de 2 mil anos e continuar presente nos corações dos milhões que hoje creem sem ter visto. Não podemos imaginar que tantas pessoas que acreditam na ressurreição sejam tolas ou ignorantes, com mentalidade arcaica. Pelo contrário, há pessoas, desde as mais simples até as mais cultas, que professam a fé na ressurreição e pautam suas vidas por essa verdade.
A ressurreição de Cristo trouxe uma esperança de que a vida não termina no cemitério. Sua palavra transmitida pelos evangelhos e cartas dos apóstolos nos falam que “quem com Cristo morre com ele ressuscita”. Nós professamos na oração do creio “Creio na ressurreição da carne…”. Diante disso, faz sentido rezar pelos nossos falecidos, recomendando-os à misericórdia de Deus; caso contrário, seria vã e mesquinha nossa crença e esperança.
Quando celebramos a festa da Páscoa a cada ano, não é apenas uma recordação do fato histórico. Celebramos um acontecimento novo que irradia luz nova, renova nossa vida e estimula a vivermos de acordo com o que professamos.
Nós costumamos desejar uns aos outros “feliz Páscoa”. Nesse desejo, está implícita a alegria de nos sentirmos salvos pela morte e ressurreição de Cristo. Esse desejo proclama a certeza da vida eterna no ressuscitado. A Páscoa, simbolizada no círio pascal, aceso e presente nos batismos de novos cristãos, lembra-nos de que ela é luz para nossa vida e, em sua luz, somos convidados a ser também luz no mundo.
Celebremos a Páscoa com a mente e o coração. A mente que nos faz aceitar o mistério que nela está presente, o coração que nos faz experimentá-la como realidade profunda que preenche nossos espaços íntimos e direciona nosso agir cotidiano.
Que tenhamos todos uma “feliz Páscoa” permanente e jubilosa, reacendendo nossa fé e esperança.
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS
Padre salvatoriano há 43 anos, professor e psicólogo pela Universidade Gregoriana de Roma, com mestrado em Psicologia e doutorado em Ciências da Religião. Atualmente é pároco em Videira-SC.