Quando se trata de cuidar do meio ambiente, um dos vilões é a produção desenfreada de lixo. Considerando o acúmulo de resíduos sólidos que afetam a natureza e destroem o meio ambiente, a reciclagem é de vital importância, segundo a assistente social Camille Carletti, coordenadora de Projetos Socioambientais do Cefopea (Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental), na Zona Leste de São Paulo-SP.
“A reciclagem é fundamental e faz parte de uma cultura que leva em conta nossa própria sobrevivência e que se baseia no consumo consciente”, lembra Camille. Para ela, “a reciclagem não está à margem da sociedade, faz parte do dia a dia, mas a população ainda precisa ser amplamente conscientizada”. Quem pratica a separação do lixo, em sua opinião, são as pessoas com melhor formação e que conhecem os benefícios do reaproveitamento de resíduos. Ressaltou também a importância de informar continuamente a população sobre como reciclar, onde e quando há coleta seletiva, e o que pode ou não ser reciclado.
O Cefopea é um projeto vinculado à Associação Reciclázaro e tem como objetivo ensinar práticas ambientais, sensibilizar e aproximar os visitantes às tecnologias sustentáveis e também à produção de alimentos naturais. Segundo Camille, “o Cefopea é um oásis na cidade de São Paulo”. Ela explica que a entidade oferece cursos profissionalizantes, workshops voltados a temas ambientais, incubação de negócios para geração de renda e visitas monitoradas para estudantes de escolas públicas e privadas.
Para manter o espaço, vende os próprios produtos, como mudas, biofertilizantes, terra adubada e oferece cursos. Da incubadora de negócios surgiram a cooperativa de reciclagem, a padaria e a cooperativa de jardinagem, que funcionam no mesmo local.
A Cooperativa Vitória do Belém reúne 18 cooperados que trabalham na reciclagem e tiram daí seu sustento, produzindo de 30 a 40 toneladas de material por mês. Por causa da pandemia do coronavírus, no momento, encontra-se fechada por ordem da Prefeitura de São Paulo, e os cooperados estão recebendo um auxílio financeiro.
Segundo Camille, o Cefopea contribui na educação ambiental de pessoas de diferentes classes sociais e faixas etárias. Nas visitas monitoradas, os alunos de escolas públicas e particulares têm a oportunidade de estar em contato com a natureza e conhecer o processo de produção de alimentos e de reaproveitamento de resíduos orgânicos, como a compostagem de folhas e galhos resultantes da poda do próprio espaço, de restos de alimentos e o minhocário. Há também oportunidade para o voluntariado, com a participação de empresas, e um intenso trabalho social para as populações mais vulneráveis.
Nestes últimos meses, a opção são os workshops on-line, já que as atividades presenciais não são possíveis. Camille destaca que a pandemia do coronavírus traz um aprendizado: “refletir sobre o que, de fato, é importante para nossa vida e o que podemos relevar”, especialmente “termos consciência dos nossos consumos, hábitos e valores” e que “qualquer atitude individual impacta no coletivo”.
Como o Cefopea está ligado à Associação Reciclázaro, Camille apresenta os três eixos que pautam a entidade: social, ambiental e econômico. “Além de trabalharmos as questões relacionadas ao meio ambiente, também trabalhamos pessoas, seres humanos que, muitas vezes, foram desprezados pela vida. Nossa missão é de construir um caminho novo”, relata.
Por ser uma organização sem fins lucrativos, a sustentabilidade é sempre um desafio. Mas, graças a iniciativas, como o empório orgânico Grão em Grão, localizado no bairro da Vila Romana, na capital paulista, com objetivo de oferecer produtos naturais a preços justos e o apoio de muitos doadores, o trabalho segue em frente. “Acredito que, neste momento de pandemia, a cultura da doação ficou mais evidente, e essa cultura tem que continuar”, conclui Camille.
Em favor do planeta e do ser humano
Camille dá algumas dicas sobre como separar e entregar resíduos para reciclagem. São ações simples que fazem grande diferença para o planeta e para a vida de muitas pessoas. Veja:
• Tenha pelo menos dois cestos de resíduos em casa: um para o material reciclável e outro para o lixo comum.
• Ao descartar o resíduo, é importante lavar as embalagens, para evitar atrair vetores.
• Coloque o material reciclável numa embalagem de cor clara e o lixo comum num saco preto.
• Atente-se aos dias da coleta seletiva em sua rua (para mais informações, consulte o site das concessionárias responsáveis pela coleta em sua cidade. Em São Paulo, é a Loga ou a Ecourbes).
• Ou procure um PEV (ponto de entrega voluntária) para descartar seu material.
• Quando puder, conheça o trabalho de uma cooperativa de reciclagem.
Para conhecer mais sobre as diversas ações da Associação Reciclázaro e saber como contribuir, acesse www.reciclazaro.org.br.