Em janeiro de 2019, um grupo de indígenas do povo Pataxó Hã-hã-hãe foi diretamente atingido pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, ocorrido no Município de Brumadinho, Estado de Minas Gerais. O rio Paraopeba do qual dependiam para a alimentação, para a higiene e para seus ritos, tornou-se contaminado pelos rejeitos da mineradora.
Com o surgimento de doenças e diante da impossibilidade de continuar na área, os indígenas foram obrigados a sair de seu território e ir para a periferia de Belo Horizonte. Vivendo em condições de vulnerabilidade, insegurança e precariedade, ao menos 23 pessoas foram contaminadas pela covid-19. Com a negligência tanto do Estado quanto da mineradora Vale, responsável pelo crime ambiental, os indígenas passaram a depender frequentemente de doações para a sobrevivência.
Em junho de 2021, o alento veio de um grupo de japoneses. Em uma ação histórica no Brasil e na contramão das investidas do governo atual de retirada de terras dos indígenas, membros da Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira doaram 70% de um território de 36 hectares, pertencente à entidade, em São Joaquim de Bicas, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os outros 30% foram negociados com os indígenas, sendo que o pagamento será feito com a futura indenização da mineradora Vale ao grupo.
A ocupação da então “Mata do Japonês” ocorreu imediatamente após o acordo. Cerca de 20 famílias foram para o território, que passou a ser denominado “Aldeia Katurãma”. Porém um novo desafio eclodiu. Desde 2010, a área vem sendo invadida por grileiros. Esses têm se recusado deixar o local. Mesmo se tratando de uma reserva de preservação permanente, os grileiros vêm provocando queimadas, derrubando árvores e ameaçando a segurança do grupo.
O Estado tem se mostrado ausente. A Polícia Federal, por exemplo, até o momento, não está fazendo a segurança dos indígenas, deixando suas vidas em situação de risco. Direitos fundamentais, como o acesso à água e à luz, também não estão assegurados.
Por outro lado, os indígenas têm buscado revitalizar a área, cuidando das árvores existentes e fazendo o plantio de outras nos locais devastados. Vários atores e coletivos da sociedade civil também têm sido solidários com os indígenas, ajudando-os a suprir as necessidades básicas, construir moradias e lutar por seus direitos.
Você também pode fazer parte da história dos pataxós hã-hã-hães e deixar que a história deles faça parte de sua vida. Em primeiro lugar, busque conhecê-los melhor. Se mora distante de São Joaquim de Bicas e não pode encontrá-los pessoalmente, na internet você poderá encontrar reportagens e artigos sobre essa comunidade. Em segundo lugar, divulgue nas redes sociais a atual situação deles. O mundo precisa saber que os povos originários continuam sendo tratados com descaso no Brasil. Em terceiro lugar, os indígenas estão precisando de ajuda para construir a nova aldeia. No momento, estão recebendo doações para a construir uma escola. Caso queira contribuir financeiramente, deixamos o número do pix da Associação Indígena do Povo Katurãma: 42 457 801 0001 20
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail stelamartins.to@gmail.com. A causa indígena é de todos nós!
Irmã Stela Martins, SSpS, coordenadora da Redes (Rede de Solidariedade), graduanda no curso de Ciências Sociais.