Procura-se o milagre

A novidade chegou a São Paulo.

Disseram que o milagre nasceu na forma de bebê. Disseram que seria o príncipe da humanidade.

Procuraram o milagre, mas não o encontraram. 

Pensaram que o milagre pudesse estar em Riviera de São Lourenço, pois, como já dizia o poeta, a novidade pode vir lá da praia. Não estava lá. 

Foram ao Palácio dos Bandeirantes procurar o milagre. Quem sabe, ele não era o filho da família mais importante no campo político de nosso Estado? Mas não o encontraram.

Resolveram buscar o milagre em uma maternidade conhecida em São Paulo, próxima à Avenida Paulista, o coração da cidade. A recepcionista não localizou nos registros daquele hospital o nome do milagre. 

Onde estaria o milagre? Será que conseguiriam achar? 

Antes que saíssem do hospital, a recepcionista falou aos que o buscavam que ela sempre encontrava o que procurava nos lugares onde não esperava.

Então, ao saírem do hospital, resolveram caminhar pela cidade, quem sabe houvesse algum sinal do milagre. Ao olharem para o céu, viram uma estrela. Entenderam-na como um sinal, pois, com a poluição de São Paulo, não costumamos mais ver estrelas, ainda mais como aquela, tão brilhante. 

Então, de maneira impulsiva, seguiram a estrela. Só queriam achar o milagre. 

Caminharam muito, em direção a uma zona periférica da cidade.

A estrela os levou para um lugar desconhecido, talvez perigoso. Mas, numa casa bem humilde, no meio da comunidade, havia festa. 

Não parecia fazer sentido, mas, como já estavam lá, aproximaram-se. 

Falaram com aquele que parecia o dono da casa. Disseram que estavam buscando o milagre. 

O homem que os recebeu falou que estavam no lugar certo, pois, naquela noite, ele havia cedido o seu quintal para que um casal desabrigado que estava passando desse à luz o bebê que a esposa carregava no ventre. Não conseguiriam chegar ao hospital, que era longe e, como era domingo, nem a unidade básica de saúde próxima estava aberta. 

O homem então compartilhou que, no início, sentiu medo de abrir a porta de sua casa para dois estranhos, mas que, naquela noite, aquele bebê era esperança. 

Então entenderam! A novidade estava ali. O milagre chegou! Nasceu no mundo a esperança.

Beatriz Von Lasperg Careli

Professora das turmas dos anos iniciais no Colégio Espírito Santo, em São Paulo-SP.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *