Que “trabalheira” ser criança e adolescente.

Piaget, me ajuda aqui!

Queria contar para mães, pais educadores, famílias, vizinhos, parentes e amigos que crescer é complexo e delicado, e envolve muito trabalho.

Imagina o desafio que é decifrar os códigos culturais e a comunicação, desde o ventre e a partir do primeiro minuto do nascimento.

Aprender o mundo com os sentidos e toques, erguer-se com as próprias forças é um ensaio e erro exaustivo.

Saber que o que você não vê continua existindo é de uma sutileza que desafia a mente.

Uma criança pequena é praticamente uma cientista, que aprende por experimentos e vai criando teorias para superar suas dificuldades e obstáculos.

Quanto mais estímulo o corpo recebe e quanto mais rica for a troca com o ambiente que a cerca, mais seus processos mentais avançam. O conceito de passado, futuro e presente vai sendo construído.

É assustador para uma criança escrever “boi” com três “rabiscos”; e ter de escrever a tão pequenina “formiga” com tanta letra é um espanto!

Ainda que, na fase mais tenra da idade, a criança não consiga compreender o ponto de vista da outra pessoa, o aprendizado para entender o simbolismo do mundo está se desenvolvendo e acumulando capacidades e competências.

Com o tempo, já não é tão necessário resolver as coisas no enfrentamento do corpo. A batalha agora vai para o campo das ideias. Os pensamentos, cada vez mais, vão ajudar a criar hipóteses, suposições, alternativas que vão orientar as escolhas, os tombos e os arranhões.

Para resolver problemas, as crianças são capazes de usar a lógica e desenvolvem a capacidade de planejar seu futuro e ver o mundo a seu redor.

É um trabalho infinito e árduo dar conta de entender o mundo, conectar conhecimentos, reinventar novos caminhos, buscar novas soluções…

A infância e a adolescência é nosso ensaio equilibrista.

Tempo de muitas interações, etapas de desenvolvimento que não devem ser interrompidas nem ameaçadas sob o pretexto de que, por ser pobre, em especial, nossas crianças e adolescentes precisariam sacrificar essa fase tão peculiar e definitiva do desenvolvimento humano.

A infância e a adolescência é tempo de muitas tarefas solitárias, mas intrinsecamente comunitárias e que precisam ser valorizadas, reconhecidas, oportunizadas e protegidas.

UFA! 

Aprender a andar, falar, nadar, pular, correr, fazer cálculos matemáticos, ler, compreender outras línguas, experimentar a criatividade, a imaginação, o conhecimento e o desabrochar do próprio corpo já dá um trabalho danado! 

Vygotsky, Winnicott, Freud, Paulo Freire, Marx, Jesus Cristo, Maria Montessori, Madalena Freire, me ajudem aqui!

Todo dia é dia de combater o trabalho infantil!

Referência:
A TEORIA de Piaget: 4 fases do desenvolvimento infantil. Hipercultura. s.d. Disponível em: https://www.hipercultura.com/teoria-de-piaget/. Acesso em: 10 jun. 2022.

Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.

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