São muitos pontos de vistas pandêmicos…
Eu escolhi um: o olhar.
Em meio a tantas restrições, máscaras e distanciamento físico, o olhar nos aproxima.
A sutileza da acolhida é percebida no sorriso que o olhar escancara.
As preces são elevadas aos céus sob o emissário olhar de fé.
O jeito de olhar não nos permite ser indiferentes.
O olhar sempre chega antes.
A maneira de enxergar pode alcançar o inimaginável.
O olhar é uma força generosa que inspira amor e cuidado.
A luz que o olhar captura tem a ver com a íris.
A luz que o olhar emana dialoga com nossos desejos, concepções e receios.
O olhar que se apaga vai ser esperança de vida eterna.
É próprio do olhar criar uma imagem invertida que é convertida para a posição correta.
Nem tudo o que se vê é o que parece ser.
O olhar sempre chega antes.
O olhar tem pressa e, às vezes, pode ser apressado.
O olhar também pode ter a força de uma metralhadora que fuzila.
Pode constranger, condenar e julgar.
Um olhar generoso e solidário move pedras e planta flores.
Um olhar sábio entende o valor do perdão, mesmo quando não correspondido.
Um olhar lúdico se diverte com as cenas espontâneas capturadas.
Os olhos lacrimejam e são vertedouros de emoções.
A impossibilidade de enxergar de alguns nos ensina a ver de olhos fechados.
Moram nos olhos abertos que relutam no silêncio da noite a desesperança e o medo.
Os olhos cansados pelo tempo se nutrem de memórias.
O descanso merecido tem no olhar sua melhor morada.
Que ao abrir os olhos a cada novo dia, nosso olhar esteja impregnado de esperança, disponibilidade, empatia e alteridade.
Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.