Vivemos ainda em meio à maior pandemia de nossos tempos, e a pergunta frequente é: quando tudo voltará ao normal?
Voltará?
A peste, romance de Albert Camus, vai nos lembrar de que ela pode vir ou ir embora sem que o coração do homem seja modificado. Se isso prevalecer, sugerimos que não voltemos à normalidade nos moldes a que estávamos acostumados, porque, se assim retornarmos, é sinal de que não valeu de nada toda a tristeza vivida no mundo inteiro.
Em 2020, vivemos a possibilidade de repensar muitas coisas.
Que a vida é muito frágil.
Que a simplicidade é um caminho possível.
Que precisamos uns dos outros.
A necessidade do essencial para se viver.
Que a espiritualidade é a grande força interior que sustenta nossa caminhada.
Que somos parte desta grande casa comum chamada planeta Terra. E veio deste enorme organismo vivo onde habitamos o convite, a voz que nos convocou a fazer silêncio, pois só assim poderíamos ouvir e transformar nosso coração.
Nossos educadores, alunos e familiares vão, aos poucos, iniciando o retorno às nossas escolas. A maioria, introspectiva e com diferentes sentimentos. Alegria pelo retorno e pelo reencontro, medo pela realidade de um vírus desconhecido, ansiedade pela espera da vacina.
Os protocolos conhecidos, álcool, máscara, o cuidado com as mãos… revelam a consciência do amor ao próximo e o precioso cuidado com nosso maior dom, a vida; eles estão presentes em nossas escolas desde o primeiro dia.
É um recomeço cheio de novos desafios, novas adaptações que exigem de cada um a vivência de uma ética da reciprocidade. Fazer ao outro o que gostaríamos que fizessem a nós.
Com essa consciência, retornaremos diferentes; entendendo “diferentes” como entregar o melhor de nós ao outro.
Agostinho Travençolo Júnior
Educador e coordenador da Dimensão Missionária da Rede de Educação SSpS