A cada Semana Santa que celebramos, revivemos os maiores mistérios de nossa fé.
Na Quinta-Feira Santa, entramos no mistério eucarístico. Jesus institui o sacerdócio e a Eucaristia. Como entender em profundidade o mistério que aí se esconde? Jesus toma pão e vinho, e sem mudar suas aparências e características físicas e químicas, transformam-nos em seu corpo e sangue. Quem deles comunga, come e bebe o corpo e o sangue de Cristo, com gosto de pão e de vinho. Se dissesse a uma criança que ali está Jesus, ela talvez não entenderia, porque ela ainda não consegue “ver” com os olhos da fé. Ela poderia dizer que comeu apenas um pãozinho e nada mais. É preciso estar imbuído da Palavra de Jesus, que afirma que ali é Ele quem está presente, em sua realidade plena.
Após a consagração, ao ouvir “isto é mistério da fé”, respondemos, com convicção, que nós reconhecemos, afirmando que ali se realiza a morte e a ressurreição, e aguardamos ansiosamente a vinda de Jesus. O celebrante (padre, bispo, Papa) o faz não em seu nome, mas em nome de Cristo. Jesus conferiu esse poder ao sacerdote pelo sacramento da ordem por Ele instituído na Quinta-Feira Santa. “Todas as vezes que o fizerdes, fazei-o em memória de mim” (1 Coríntios 11,24). Eis aí os mistérios da Quinta-Feira Santa.
Na Sexta-Feira Santa, celebramos a paixão e morte de Jesus. Também aí se esconde outro mistério de nossa fé. Quem poderia imaginar que o próprio Deus tomasse corpo humano e o oferecesse livremente à morte de cruz, como prova definitiva de amor por nós, num gesto salvífico que atingiu a todos os que vieram antes de dele e os que nasceram depois ou ainda virão enquanto o mundo existir? Não haverá outra redenção; a de Cristo foi definitiva. A força desse gesto ultrapassa séculos e gerações. É todo o Universo redimido nessa cruz salvadora.
No Sábado Santo, celebramos o grande mistério da ressurreição. Cristo ressuscita dos mortos. O crucificado se manifesta vivo diante de testemunhas, que se tornam portadoras de sua mensagem para todos os povos, tempos e recantos do mundo. O “aleluia” proclamado manifesta a alegria do mistério aceito, no qual se coloca todo o sentido da vida e da morte. É um eco que ressoa no universo e canta o hino eterno junto com o coro dos anjos e santos. O “Exultet” (exultem) proclama a grande Páscoa, que não é mais uma passagem por águas oceânicas, mas a que vai para além dos níveis terrenos, alçando-se nos albores eternos.
No Domingo da Páscoa, a grande festa cristã se estende para um perpétuo “Dia do Senhor”, recordado em cada Eucaristia celebrada em milhares de igrejas, templos, capelas e outros recantos sagrados. Resplandece, nesse dia de Páscoa, o mistério da ressurreição, que selou para sempre a redenção e a salvação.
A Semana Santa, que ocorre cada ano, revive esses grandes mistérios que dão sentido à fé cristã e razão de viver para e dos cristãos.
Que os mistérios de nossa fé celebrados na Semana Santa encham sua vida de um “aleluia” alegre e festivo, porque, mais uma vez, podem-se viver os grandes momentos de Deus em nossa história humana.
Feliz será você quando vivenciá-la nas celebrações de que participar, celebrando os mistérios de nossa fé!
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS
Padre salvatoriano há 43 anos, professor e psicólogo pela Universidade Gregoriana de Roma, com mestrado em Psicologia e doutorado em Ciências da Religião. Atualmente é pároco em Videira-SC.