Sinodalidade

Recentemente, a Igreja realizou, em Roma, a primeira sessão do Sínodo convocado pelo Papa Francisco. Desde sua convocação, o Papa pediu que houvesse a participação não só de bispos, mas também de padres, religiosas, leigos e leigas para, juntos, refletirem sobre a vida da Igreja, sua missão e a busca da comunhão. O foco primeiro foi o da escuta. Escutar o que o povo de Deus tem a dizer a respeito da Igreja e sua comunhão e missão. 

A sinodalidade quer ser um “caminhar juntos”, porque somos povo de Deus e, como tal, temos a missão de evangelizar, anunciar a todos a Boa-Nova trazida por Jesus. Esse caminho a ser feito juntos requer discernimento, comprometimento e envolvimento na vida e na ação da Igreja. A Igreja que congrega diferentes povos, culturas, raças e línguas tem como primeiro desafio a vida em comunhão, que significa ultrapassar as diferenças para fazer emergir aquilo que une a todos, na mesma fé, na mesma esperança, vivendo o amor vivido por Jesus. 

A convicção de que Jesus é “o Caminho, a Verdade e a Vida” é motivo suficiente para que cada cristão se sinta convocado a fazer um processo de caminhar juntos, na unidade, para testemunhar a certeza de que Deus, ao fazer-se carne em Jesus, tornou-se um caminhante conosco. O Reino de Deus propagado por Jesus é uma dádiva para a verdadeira felicidade humana. Viver a fraternidade, independentemente de laços sanguíneos, é o sinal de que todos somos de Deus, Ele é nosso Pai que nos guia no caminho de retorno à vida plena, contida nos anúncios de Jesus ao falar dele. 

Viver em sinodalidade é um ápice da fé cristã. Faz parte de sua essência. Para que isso ocorra, é preciso superar as nuances humanas que separam uns dos outros. Daí que, para acontecer a sinodalidade, é preciso começar pela escuta, o que o Espírito fala ao coração de cada um. Silenciar o vozerio interno e externo é condição para a escuta daquilo que o Espírito quer inspirar. Por isso, na sessão do recente Sínodo, uma das experiências marcantes foi a de sentar-se juntos e ouvir uns aos outros, sem preconceitos e sem hierarquia, embora cada um tenha diferentes responsabilidades e ministérios na Igreja. Porém todos a serviço da missão de evangelizar. Deixar o Espírito falar livremente a quem quer, para manifestar a nosso tempo o caminho a seguir.

A história da Igreja está profundamente marcada pela sinodalidade. As Escrituras estão repletas de situações em que a sinodalidade foi o vínculo da unidade. Citando apenas um exemplo, temos, em Atos dos Apóstolos (2,42), a Igreja que se reúne em torno de quatro pilares: “Eram perseverantes nos ensinamentos dos Apóstolos, na fração do pão, na vida de oração e na comunhão fraterna”. 

Todos sabemos que esse ideal, muitas vezes, é truncado pela força do pecado, que nos empurra para desviar do caminho. Contudo a graça que superabunda onde o pecado quer nos aprisionar nos dá a força e a certeza de que podemos progredir sempre mais na sinodalidade. 

Nosso mundo competitivo e faminto de lucro e resultados contraria a proposta evangélica de sermos um em Cristo. É na unidade em Cristo que reside a esperança e a certeza de que fomos criados por Deus e para ele somos convidados a convergir. Jesus nos atrai para essa comunhão, e o Espírito Santo nos conduz no caminho da santidade para a plena vida na Trindade. 

Sinodalidade é a voz da Igreja atual que nos chama a caminharmos juntos, participando em sua missão e vivendo em comunhão! “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio.” 

Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS

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