Para os indígenas, a terra não é apenas um meio de subsistência, mas é um elemento que envolve todo o sentido de suas vidas. Na relação com a natureza, conectam-se com sua identidade mais profunda, na qual o mundo material (imanente) está integrado ao transcendente. Assim, para esses povos tradicionais, o território onde habitam é um espaço sagrado no qual guardam a memória de seus antepassados, fazem seus ritos ao divino e mantém suas tradições… Coisas que a política neoliberal que cultua o capitalismo na forma do agronegócio não consegue reconhecer.
Todos nós estamos acompanhando as políticas do novo governo do Brasil. O setor econômico, sob a responsabilidade de Paulo Guedes, é a menina dos olhos da administração atual. O que nem todos estão sabendo, porque não interessa aos principais meios de comunicação, é que, em nome do crescimento econômico, pessoas estão sendo mortas, elementos de nossa cultura destruídos e a natureza devastada.
De acordo com Dom Roque Paloschi, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), “Aumentaram as invasões a territórios indígenas de norte a sul do Brasil, de leste a oeste, do Caburaí ao Chuí, bem como um discurso que promove a iminência de genocídio dos povos indígenas, sobretudo os povos isolados, que são ameaçados na sua integridade física”.
Não podemos ser indiferentes ao sofrimento desses povos e aos ataques aos direitos constitucionalmente garantidos a eles. Sejamos solidários aos indígenas, pessoas que há 518 anos vêm resistindo a tantas violências e injustiças, e a quem devemos voltar nosso olhar para aprender uma relação mais respeitosa com a mãe terra.
Por Ir. Stela Maris Martins, SSpS
Presidente da Redes (Rede de Solidariedade) e graduanda em Ciências Sociais pela PUC-Rio