Somos todos condutores

Bastaria um dado estatístico: em 2021, 32 pessoas, a cada dia, perderam a vida em acidentes no trânsito, no Brasil.

Uma antiga máxima educativa sempre nos alertou para essa situação caótica e problemática: “Somos todos pedestres”.

A condição de pedestre como um campo de intercessão que une as recomendações de zelo e segurança no trânsito de toda a população sempre foi e continuará sendo enfática e contundente.

Quero propor, todavia, uma nova provocação pedagógica: na condição de pedestre, ciclista, motociclista, motorista… somos todos condutores.

Conduzindo guidão, volante ou nossos próprios pés e rodas, fazemos escolhas a cada instante.

E é exatamente esse “detalhe” que vem ao caso.

Conduzindo nossas escolhas e carregando a própria vida e a de outras pessoas, nossas opções podem ser sinal de vida ou de morte.

É aquele instante, aquela fração de segundo que a conduta de cada um e de todos os envolvidos no trânsito e no transitar pode preservar, causar sequelas, salvar ou ceifar vidas.

Mortes e sequelas evitáveis dizem de nossa incompletude humana.

Trânsito deve ser lócus de cidadania, cooperação e de conduta zelosa pela preservação da vida.

Como condutores de vida, precisamos ressignificar os códigos vigentes relacionados a velocidade, mobilidade, seta, faixa de pedestres, compartilhamento, fazendo um uso digno de nossa autonomia na condução pela preservação da vida.

Sem querer aprisionar a questão do trânsito na dimensão pessoal, precisamos reconhecer a necessidade de melhorar a conduta também com relação a políticas públicas, mobilidade urbana, transporte público, acidentes de trânsito, modais sustentáveis.

Na Física, condutor se diz o corpo suscetível de transmitir o calor, a eletricidade…

Na vida, condutores que somos, diria que devemos ser corpos suscetíveis de transmitir uma atitude que contribua para preservação da vida.

Vestir nossa incompletude e fragilidade humana e nos deixar conduzir por atitudes conscientes que preconizem a defesa da vida no trânsito pode mudar essa alarmante estatística.

Para saber mais:

https://www.sbtnews.com.br/noticia/brasil/194388-no-brasil–cerca-de-32-pessoas-morrem-por-dia-em-acidentes-de-transito

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2022/04/21/quem-mais-morre-no-transito-do-brasil.htm

https://www.dicio.com.br/condutor/

Maria José Brant (Deka), assistente social, analista de políticas públicas na Prefeitura de Belo Horizonte-MG, mestra em Gestão Social, mosaicista nas horas vagas.

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