SSpS: a compaixão expressa na integração dos migrantes e refugiados

Foto: arquivo SSpS

Um laboratório de compaixão. Essa é uma das características do Centro de Integração do Migrante (CIM), coordenado pelas missionárias servas do Espírito Santo (SSpS). Espaço de acolhida e promoção de migrantes e refugiados no coração da capital paulista, no bairro do Brás, o CIM se tornou, desde sua criação, um lugar de hospitalidade e de solidariedade. 

De acordo com o contador e auxiliar administrativo Marco Antônio Xxxxxxx, a compaixão tem tudo a ver com o cotidiano do centro, porque estão sempre atentos às necessidades e dificuldades daqueles que por ali passam. “A pessoa chega aqui se sente parte da comunidade, se sente em casa. Nós nos sentimos úteis quando conseguimos ajudá-las. Quando atendemos as crianças, quando recebemos um abraço delas, é maravilhoso. Trabalhar aqui é gratificante, pessoal e profissionalmente. A compaixão tem a ver com tudo isso”, explica.

Luiza vive no Brasil há sete anos e frequenta o CIM. Ela conta que há uma acolhida calorosa e compassiva, independentemente da etnia ou religião. “Vim da Bolívia por questões econômicas. Aqui aprendi a me comunicar, recebi orientações para a documentação e sempre falo para outras pessoas sobre este lugar, que pode ajudá-las sem custo algum.”

Compaixão é empatia e respeito

Samuel, voluntário da Alemanha (de camisa preta, à esquerda). Foto: arquivo SSpS

Samuel, aos 19 anos, deixou a Alemanha para trabalhar como voluntário no CIM. Ainda com características de quem está aprendendo e se esforçando para falar o português, o jovem pretende desenvolver suas habilidades e adquirir vivências enriquecedoras fazendo o bem ao próximo em outro país. Ele expressa como tem experienciado a compaixão no novo trabalho: “Compaixão é simpatia, empatia e respeito. Podemos aprender juntos e termos um pouco de alegria”. Ele acrescenta que será instrutor na área de Informática: “Neste semestre, vou dar aulas de Informática, pois é importante que as crianças saibam usar os computadores. Ajudo também nas aulas de Matemática e brinco com as crianças”. 

Antônia do Rosário Pereira Mendes é professora de Língua Portuguesa e voluntária no CIM. Ela relata que o sofrimento alheio sempre a afligiu muito. Sentiu que mais recebe que se doa, e os próprios problemas parecem até se apagar, porque as pessoas geralmente têm problemas maiores que aqueles do dia a dia enfrentados por ela. “Eu acho que é um ato de compaixão, porque, quando sentimos empatia pelo sofrimento alheio, é como se nos colocássemos no lugar do outro e ajudássemos essa pessoa a aliviar a carga. Acredito que, quando nos doamos, é uma forma de amar o semelhante, porque partilhamos com ele o que recebemos. No momento em que me doo, recebo esse amor de volta.” 

Ano da Compaixão

As missionárias servas do Espírito Santo denominaram 2024 como o Ano da Compaixão. É um tempo para que a religiosa SSpS possa aguçar os ouvidos para perceber, escutar o grito da Trindade por meio da dor e do sofrimento da Mãe Terra e de nossos irmãos e irmãs à margem. “Descobrimos que a conversão ecológica e uma vida sustentável se tornam um compromisso ético inalienável”, conforme rezam as diretrizes do 15º Capítulo-Geral. 

“A compaixão faz parte de nossa natureza. É essencial no cuidado de nossa Casa Comum, da vida como um todo. A compaixão começa comigo mesma, interconectada com o todo. Já escutamos e repetimos tanto ‘amar o próximo como a mim mesma’, mas será que tenho consciência do que isso significa e pede?”, questiona irmã Martina Maria González Garcia, SSpS.

A religiosa dá dicas de como despertar para a compaixão: “Um dos caminhos pode ser o encontro com os últimos, moradores de rua, encarcerados, indígenas, migrantes, povos ameaçados pelo avançar do agronegócio, as vítimas da injustiça. Eles podem nos dar uma sacudida e nos tornar narcisistas conscientes”. 

Rosa Martins

Mestra em Jornalismo, Imagem e Entretenimento pela Fundação Cásper Líbero, licenciada em Filosofia pela Universidade Salesiana de Lorena (Unisal), bacharla em Teologia Pontifícia Universidade São Boaventura de Roma. É missionária scalabriniana e vive em Santo André-SP. Indicada ao Prêmio Tarso Genro de Jornalismo em 2020, foi vencedora do Prêmio Papa Francisco, categoria mestrado, do Prêmio CNBB de Comunicação com a dissertação “Menores estrangeiros não acompanhados: uma análise da representação no fotojornalismo italiano”, em 2021.

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