Testemunho: família que reza permanece unida

O lar cristão é o espaço em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda a razão, de “Igreja doméstica”, comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã (Catecismo da Igreja Católica, n. 1666). 

Meditando o Livro dos Provérbios 31,10-31, pude perceber que minha vida matrimonial se identifica com essa leitura. Há 51 anos, eu, Jussara, me uni em matrimônio com meu marido, Luís Carlos. Éramos muito jovens: eu com 17 anos, ele com 22 anos. Nascemos de famílias católicas orantes, porém não tínhamos experiência em lidar com situações difíceis, já nossos pais é que as resolviam por nós, mas a hora chega. 

Gênesis 2,24 diz: “Por isso, o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne”. Assim iniciamos nossa história. Desse amor nasceram duas filhas que seguem o exemplo da família que reza com suas famílias, de geração em geração. O amor de Deus que nos uniu e nos fortalece a cada momento nunca nos abandonou. No começo da vida de casados, tivemos muitas experiências não muito boas, pois, apesar de o meu marido ter um trabalho seguro, aconteceram as crises financeiras, enfermidades, pouca experiência como dona de casa, ser mãe, esposa e pai. Contudo, Deus, em sua infinita misericórdia, colocou em nosso caminho uma família que orava, eram muito unidos. 

Fizemos amizade sincera que perdura até os dias de hoje. Com essa amizade, fomos adquirindo maturidade, mais conhecimento da vida. Passamos a rezar em casa, mas sem participarmos da missa aos domingos. Com o exemplo e o aconselhamento de família que reza, voltei a participar das missas, mas meu marido não. Foi aí que senti no coração o desejo de rezar o santo terço, todas as quintas-feiras, fazendo uma caminhada de treze quilômetros com frio ou sol, mas com muita esperança. 

Sete anos após essa rotina, tive a graça de ver meu marido e minhas filhas participando das missas. Entretanto os desafios e as tribulações eram contínuos, e, quando pensávamos que as coisas iriam melhorar, aconteceu um assalto em nossa casa, quando bens materiais foram subtraídos, além de mais enfermidades e muitas lágrimas. 

Novamente, fizemos a experiência, com orações, meditação da Palavra e a frequência às celebrações eucarísticas. Deus, que vê todas as coisas, alimentava-nos de paciência, compreensão, sabedoria, dando-nos calma, diálogo entre nós, paz de espírito, porque nunca houve razão para alterarmos nossa voz; sem mentiras, palavrões, cobranças, ciúmes ou arrependimento de termos casado, porque nosso amor se uniu ao amor de Deus. O respeito, a gratidão e a escuta nunca deixaram de existir em nossa família. 

Hoje, eu com 68 anos, meu marido com 72 anos, as filhas casadas e com seus filhos, vivemos alegres, unidos, dialogando sempre, vivenciando os sacramentos e espelhando-nos na Sagrada Família de Nazaré e tementes a Deus. Estamos servindo na Pastoral Familiar, como catequistas jubilares, há oito anos, e na preparação de casais para legitimação ou primeira união. Repassamos a eles nossas experiências e modo de vida, além da mensagem do Papa Leão XIV, na qual ele diz ser urgente dedicar atenção às famílias distantes de Deus. 

Sou ministra extraordinária da comunhão e da esperança há mais de quarenta anos, além de dar catequese para adultos. Somos uma família feliz e cheia de paz, pois nos alimentamos da oração e do Pão Eucarístico. Em resposta, aprendemos a viver no amor, na paciência e compreensão. 

Agradeço a Santíssima Trindade por nunca desistir de nós.

 

Jussara Mendes de Oliveira e Luís Carlos Mendes de Oliveira

Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Diocese de Ponta Grossa-PR. 

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