Depois de tantas polêmicas e confusões nas disputas eleitorais que se deram no País, gerando um nível de estresse nunca visto, todos estão ávidos por dias de paz. Houve ganhadores e perdedores. A maioria venceu e agora é esperar que os eleitos façam bom governo, cumpram o que prometeram. Queremos paz!
Este nosso mundo conturbado não somente pelas eleições como também pela guerra que se trava entre Rússia e Ucrânia, e outras mais, gerou um clima de “quase desespero” entre as pessoas de bem. Quantas perguntas foram feitas em busca de respostas para situações tão conflitantes? O nível de saturação emocional chegou ao limite, e muitas pessoas não o suportaram e ficaram doentes. O ideal proclamado em revoluções por liberdade e paz ficou à mercê de muitas confusões e ideologias.
Há no ar um pedido de socorro mudo que se reflete nos rostos angustiados. Quanta gente desnorteada, enganada por fake news e mídias tendenciosas que geram confusão mental e levam a situações extremas. Há uma busca por “salvadores da pátria”, pouco disponíveis nos grupos políticos, que estão sem credibilidade, ou nas múltiplas igrejas que propagam um deus segundo seus interesses, que, na verdade, desvirtuam o Deus revelado na Sagrada Escritura. Deus se tornou um fantoche que se presta para justificar posições antagônicas e anacrônicas. Nunca se falou tanto de Deus, infelizmente desfigurado, exigindo desse falso deus milagres que resolvam problemas muitas vezes mesquinhos e satisfaça interesses poucos altruístas.
No meio de tantos conflitos, o coração humano geme por um pouco de paz. Queremos paz, chega de problemas, de disque-disque. Queremos respirar um tempo novo de paz e harmonia. A paz desejada não é aquela que se obtém por “tratados” entre guerreadores, mas aquela que acalma o espírito e lhe dá sossego.
Queremos o shalom de Deus, aquela paz que traz os bens celestes que reacendem no peito o eco do verdadeiro amor. Queremos rezar com o salmista quando diz “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio” (Salmo 91), ou ainda com o Salmo 121: “O senhor me guardará de todo o mal, Ele guardará a minha vida”.
Na verdade, essa situação toda escondeu o amor de Deus por nós. Ele sempre esteve a nosso alcance, mas nossas perturbações nos desviaram dele e ficamos acéfalos, perdidos em nossas doideiras, distantes do verdadeiro discernimento. Queremos paz. Paz, paz de espírito, paz que revigore nossa mente e coração e nos faça voltar à harmonia e ao convívio social, sem brigas, sem ódios, sem rancores. Precisamos de paz e é nisso que vamos agora nos concentrar.
Você que é pessoa de bem, una-se às demais pessoas de bem e, juntos, reconstruamos os vínculos desfeitos e reacendamos nossa esperança. Lutemos por um mundo melhor. Deixemos nossas preferências políticas e busquemos o bem maior que nos une a todos, formando a corrente do bem.
Penitenciemo-nos dos males que provocamos e acreditemos no bem que somos capazes de realizar, convivendo pacificamente com os que pensam diferente, mas têm os mesmos desejos de paz e harmonia. Sejamos construtores da paz, divulgadores do shalom de Deus.
Pe. Deolino Pedro Baldissera, SDS
Padre salvatoriano há 43 anos, professor e psicólogo pela Universidade Gregoriana de Roma, com mestrado em Psicologia e doutorado em Ciências da Religião. Atualmente é pároco em Videira-SC.S