O ser humano é um ser social e, desde que começou a se agrupar e a viver em sociedade, começou a criar laços em comunidade, no exercício e convivência das relações interpessoais. As relações entre os seres humanos se diferenciam dos outros animais justamente pela capacidade de se relacionarem com o outro.
O ser humano é complexo. Somos diferentes uns dos outros, com vontades próprias, forma de pensar diferenciada, e essas diferenças, muitas vezes, geram conflitos, mas que, de uma maneira ou de outra, estão presentes em nossos relacionamentos e fazem parte de nosso crescimento.
Para um bom relacionamento interpessoal, é necessário que tenhamos uma boa inteligência emocional, que envolve conhecer-se a si e ao outro. Talvez não nos demos conta do quão importante é a convivência com o outro. A pandemia nos fez perceber a necessidade que temos do contato, da troca, da relação com os outros, família, amigos, todas as pessoas que fazem parte de nosso convívio.
Como aprender a desenvolver relações interpessoais num tempo em que não podíamos sair de casa, devido às restrições da covid-19? A pandemia e o isolamento social pelos quais passamos nos últimos dois anos trouxeram-nos a oportunidade de conhecer-nos e, talvez, de sermos melhores. Tivemos tempo para pensar e agir em prol do fortalecimento das relações interpessoais, especialmente na família.
O autoconhecimento é a peça-chave, pois nossas emoções são complexas, e a convivência dentro de casa por um longo período trouxe desentendimentos que tiveram de ser trabalhados.
As relações interpessoais interferem nos ambientes nos quais estamos interagindo. Por exemplo, nas empresas, essas relações se evidenciam entre os colaboradores. Num ambiente harmonioso, os efeitos surgirão pelos resultados apresentados, contribuindo para a competitividade da empresa ante as concorrentes. Promover cursos, palestras, atividades em conjunto são algumas das formas capazes de promover a integração entre todos.
Os fatores que influenciam nossas relações interpessoais são a habilidade do diálogo (falar/ouvir) e a aproximação (transpor medos/bloqueios). É possível construir relações saudáveis por meio do diálogo, mas é necessário, antes, escutar, compreender, sem fazer julgamentos precipitados.
Jesus Cristo, quando esteve neste mundo, foi nosso grande exemplo, tanto pela forma de pensar como em seu agir, estabelecendo, assim, relações interpessoais saudáveis. Em vários momentos, com atitudes e seu exemplo, demonstrou que podemos, sim, transformar nossas relações interpessoais.
O Evangelho de João (Jo 4) nos relata a história da mulher samaritana que, junto ao Poço de Jacó, ouve Jesus a lhe pedir água para beber. Na época, havia uma rivalidade muito grande entre judeus e samaritanos, além do mais, as mulheres eram consideradas inferiores aos homens. Jesus quebra esse paradigma. Pelo diálogo, percebeu o que se passava no coração daquela mulher samaritana. Ele sabia que ela precisava conversar com alguém, ser ouvida, não ser julgada. Ele pede água à mulher samaritana. Ela tem um choque! Jesus rompe as barreiras de relacionamento.
A mulher samaritana aprendeu, pelo diálogo e encontro com Jesus, que as relações podem ser transformadas. São muitos os exemplos nos Evangelhos, dos quais aprendemos como podemos nos relacionar entre nós.
Em nossos dias, na escola, os professores podem aprender e seguir o exemplo do Mestre Jesus ao olharmos para nossos alunos, nossos colegas, coordenadores, direção, todas as pessoas que estão ao nosso redor. Os alunos podem exercitar a habilidade das relações interpessoais no ambiente escolar e familiar. A escola poderá tornar um vasto campo de aprendizado, não somente de conteúdos e habilidades, mas do conhecer-se a si mesmo, conforme se interage com o outro, ao conhecer o outro, aprender a conviver em harmonia, aprender a resolver conflitos, compreender o diferente, o que será o alicerce para todas as relações interpessoais.
Jociane Pereira
Professora no Colégio e na Faculdade Santana, em Ponta Grossa-PR, licenciada em Música, bacharela em Direito, Pedagogia e Sociologia, acadêmica no curso de Psicologia.