Hoje, 50º aniversário do Dia da Terra, criado para formar consciência em relação aos problemas de contaminação e conservação do planeta, experimentamos uma situação sem precedentes. Talvez este momento de pandemia seja a oportunidade de que precisamos para acordar e tomar as medidas necessárias para salvar não apenas nossa vida, mas a vida do planeta Terra.
Há muitas evidências científicas de que a Terra é um superorganismo vivo que regula seu próprio funcionamento, o que inclui as condições atmosféricas, clima e temperatura, correntes marítimas e tantas outras funções que lhe permitem sustentar a vida. Mas, por causa da intervenção devastadora do ser humano, o equilíbrio da Terra foi rompido, e esta adoeceu e luta para sobreviver.
As alterações climáticas e o aquecimento global já não são uma suposição. Sofremos na pele suas consequências e nem sequer conseguimos imaginar o que poderá vir pela frente.
O secretário-general da ONU, António Guterres, em mensagem pelo Dia da Terra dirigida à comunidade internacional, propôs seis ações para salvar o planeta. Para ele, o impacto do coronavírus é terrível, mas a crise ambiental pode levar a uma situação sem retorno. Para ele, a crise mundial gerada pela pandemia pode ser uma oportunidade para fazer as mudanças necessárias para salvar o planeta. Vejamos a íntegra de seu discurso.
“Precisamos transformar a recuperação numa oportunidade
real de fazer as coisas certas para o futuro”
Neste Dia Internacional da Terra, todos os olhos estão postos na pandemia da COVID-19 – o maior teste que o mundo enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial. Devemos trabalhar juntos para salvar vidas, aliviar o sofrimento e diminuir as suas consequências econômicas e sociais devastadoras.
O impacto do coronavírus é imediato e terrível. Mas há outra emergência profunda – a crise ambiental do planeta. A biodiversidade está em declínio acentuado. A ruptura climática está a chegar a um ponto sem retorno. Devemos agir sem hesitação para proteger o nosso planeta, tanto do coronavírus como da ameaça existencial das perturbações climáticas.
A crise atual é um despertar sem precedentes. Precisamos transformar a recuperação numa oportunidade real de fazer as coisas certas para o futuro. Por isso, proponho seis ações relacionadas com o clima para moldar a recuperação e o trabalho que temos pela frente.
Primeiro: ao gastarmos enormes quantias de dinheiro para recuperar do coronavírus, precisamos de criar novos empregos e negócios através de uma transição limpa e verde
Segundo: quando o dinheiro dos contribuintes for usado para resgatar empresas, este deve estar vinculado à obtenção de empregos verdes e ao crescimento sustentável.
Terceiro: o poder das políticas orçamentais deve transformar a economia cinzenta em verde e tornar as sociedades e as pessoas mais resilientes.
Quarto: os fundos públicos devem ser usados para investir no futuro, não no passado, e utilizados em setores e projetos sustentáveis que ajudam o meio ambiente e o clima. Os subsídios aos combustíveis fósseis devem terminar e os poluidores devem começar a pagar pela sua poluição.
Quinto: os riscos e as oportunidades relacionados com o clima devem ser incorporados no sistema financeiro, bem como em todos os aspetos da formulação de políticas públicas e de infraestruturas.
Sexto: precisamos trabalhar juntos como uma comunidade internacional.
Esses seis princípios constituem um guia importante para juntos recuperarmos melhor. Os gases de efeito de estufa, assim como os vírus, não respeitam fronteiras nacionais. Neste Dia da Terra, por favor, juntem-se a mim para exigir um futuro saudável e resiliente para as pessoas e para o planeta.
António Guterres (secretário-geral), mensagem por ocasião do Dia Internacional da Terra (22 de abril de 2020).
Assista também a mensagem do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para o Dia Mundial da Terra: