Vocação: Jesus nos chama a segui-lo

No Novo Testamento, a vocação se encontra plenamente revelada na pessoa de Jesus. Ele próprio viveu a experiência de Deus como Pai e identificou sua vida com a vontade de Deus.

Jesus foi fiel à sua vocação, mas também ele teve de ir descobrindo aos poucos o que Deus queria dele. Os quatro evangelhos convergem na busca constante de Jesus pela vontade do Pai. “Eu faço o que o Pai me mostra que é para fazer” (cf. Jo 8,38; 12,50).

Jesus chamou outras pessoas a segui-lo na realização da mesma vocação. Por isso o chamado a acompanhar Jesus implica viver o discipulado, quer dizer, aprender com o Mestre a viver a mesma vida dele em vistas do amor, justiça e paz no mundo.

O chamado “Vem e segue-me!” começa na beira do lago (Mc 1,16) e recomeça depois da ressurreição (Mt 28,18-20; Jo 21,4-17). Nas narrativas dos evangelhos, há uma variedade de chamados. Às vezes, é Jesus quem toma a iniciativa de chamar, outras vezes quem é chamado convida seu irmão, parente ou amigo.

João Batista, depois de ter encontrado Jesus, indica “Eis o cordeiro de Deus”, e dois dos seus discípulos o seguem. Um deles é André, que encontra o próprio irmão e lhe apresenta Jesus como o Messias.

No Evangelho de João (1,35-51), há uma sequência de pessoas que são apresentadas a Jesus e tomam a iniciativa para convidar outras. Jesus se dirige a cada uma com uma pergunta, um convite ou um presságio. A Pedro ele diz: “Tu te chamarás Cefas”.

Jesus se volta e vê os dois discípulos de João seguindo-o e lhes pergunta: “Que procurais?”. Essa é uma pergunta profunda e mostra que o seguimento de Jesus não é uma aceitação passiva ou alheia ao ser humano. Pelo contrário, seguir Jesus sacia a sede mais profunda de todo homem e toda mulher.

No encontro com a Samaritana, Jesus lhe diz: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’…” (Jo 4,10).

A narrativa mostra que a iniciativa de chamar é de Jesus, mas o encontro dos seguidores com Jesus muitas vezes passa pela mediação humana. A resposta dos dois discípulos “Mestre onde moras/permaneces?” amplia a pergunta existencial de Jesus “Que procurais?”.

No texto, há muitas figuras simbólicas, e a repetição de verbos (vir, ver, morar, permanecer), que mostram que Jesus, ao atender ao desejo mais profundo do ser humano, oferece a ele uma nova casa (comunidade eclesial), deixando-o participar de sua “permanência”.

Os primeiros cristãos compreenderam sua vocação ao ponto de morrer para testemunhá-la. Ao longo dos séculos, muitas pessoas têm se perguntado pelo querer de Deus e, por isso, vivido plenamente sua vocação.

Hoje a nossa busca continua e iria nos ajudar muito a nos perguntar: que estou procurando? O que significa para mim o convite de Jesus: “Venham e vejam!”?

Irmã Juana Ortega, SSpS, é teóloga especializada em Bíblia. Nasceu no México, trabalhou em Moçambique e, atualmente, além de animadora vocacional, acompanha as jovens aspirantes na Comunidade Madre Josefa, em Belo Horizonte-MG.

 

 

 

 

Para aprofundar mais:

Se você quiser aprofundar, aqui vão dois livros sugeridos pela Ir. Juana:

BEUTLER, Johannes. Evangelho Segundo São João. Tradução de Johan Konings. São Paulo: Loyola, 2015. p. 69-79.

MESTER, Carlos. Vai! Eu estou contigo!: vocação e compromisso à luz da Palavra de Deus. São Paulo: Paulinas, 2010. p. 9-11 e 129-141.

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