“És, Senhor, o Deus da vida,
És a festa, és a dança.
No banquete de tua casa,
somos povo da Aliança.”
(“Mesa pronta, toalha limpa”, José Edson R. de Freitas e Maria Luiza P. Ricciardi, Campanha da Fraternidade, 1992.)
Assim cantamos em nossas comunidades de fé.
O bibliodrama, como método de aprofundamento e experiência viva com o texto sagrado, apresenta-se por diversas formas de expressão: verbal, emocional, gráfico-artístico, com a fotolinguagem ou por representações expressivas com o corpo e seus sentidos.
Cada participante representa e expressa o que percebe como “autêntico” interiormente, estimulado pela passagem bíblica meditada. Tudo isso faz com que o grupo e o texto sagrado, no bibliodrama, se aprofundem, se expressem e se interpretem reciprocamente.
O método do bibliodrama se apresenta de forma muito flexível e individualizado. Pode facilmente se integrar com outros métodos e com várias artes expressivas, como a dança, a música, a produção de vídeo, e assim por diante; enfim, aonde a criatividade chegar.
A dança é uma das formas de linguagem e expressão artística mais expressivas e antigas que conhecemos. Dançar é exteriorizar, por meio de movimentos, o que trazemos dentro. Se é verdade que o corpo fala, é no corpo que podemos experimentar e expressar os sentimentos que pulsam em nós. E um dos elementos mais bonitos da técnica do bibliodrama é a dança. Traduzir em expressão corpórea o que se aprofundou em determinado texto bíblico é concretizar, pelos gestos, o que ele provocou em nós.
Se buscarmos nos próprios textos sagrados a importância da dança, percebemos que ela fazia parte da vida corrente, entre os judeus, e até dos jogos infantis, como lemos em Mateus (11,17) e Lucas (7,32). Nos textos bíblicos, encontramos a dança como expressão de alegria, de festa, de convívio e de adoração a Deus. Não distante de nossa infância, quando, de forma natural e orgânica, ela também brotava em nossas brincadeiras infantis e nos aproximava e nos conectava com outras crianças.
Por 28 vezes, no mínimo, a Bíblia fala sobre dança em suas páginas. Cada referência que encontramos está relacionada a celebrações de acontecimentos especiais, festivais e encontros familiares e, curiosamente, praticadas principalmente por mulheres e crianças.
Nos Salmos 149 e 150, o salmista também convida os fiéis a louvarem a Deus com dança e com a música:
“Alegre-se Israel no seu Criador,
exulte o povo de Sião no seu Rei!
Louvem eles o seu nome com danças;
ofereçam-lhe música com tamborim e harpa.” (Salmo 149,2-3)
“Louvem-no com tamborins e danças,
louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas,
louvem-no com címbalos sonoros,
louvem-no com címbalos ressonantes.
Tudo o que tem vida louve o Senhor! Aleluia!” (Salmo 150,4-6)
Na Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15,25), a dança também assume um caráter bastante significativo e expressivo. Não somente por ser uma alusão referida por Jesus, o Verbo que atualizou a Palavra de Deus e a personificou (Hebreus 1,1), mas também porque essa parábola ilustra a relação do homem com Deus e a alegria que existe no céu quando alguém se arrepende e deseja mudança. Essa alegria é traduzida de várias formas, sendo uma delas a dança.
Na data em que comemoramos o Dia da Dança (29 de abril), queremos nos unir ao balé dos corpos e das constelações celestes para que, juntos, possamos bailar agradecidos em contemplação à obra da Criação.
Nas experiências bibliodramáticas realizadas com distintos grupos na Província Brasil Norte das irmãs missionárias servas do Espírito Santo, temos percebido a profunda conexão que a dança tem proporcionado aos que se entregam e fazem do corpo o canal de conexão com a sua espiritualidade. Por esse motivo, o convite é: dancemos!
E que estendamos o convite a todos, para que se juntem a nós, para que, assim, a Palavra se torne vida em nós.
Irmã Fátima Marques, SSpS, e Agostinho Travençolo Junior
Referência:
Semente Viva Brasil