Combate às novas formas de escravidão

Mais um ano, e a humanidade continua com vários desafios a resolver: desemprego, fome, exploração de menores e pessoas vulneráveis, e tantas outras misérias que violam os direitos humanos. Desde os tempos da escravidão que a dignidade humana está ameaçada ou costuma ser abalada pela insegurança e violência. Quais as formas de escravidão que ainda existem? Como combater essa situação?

Embora, no Brasil, a Abolição da Escravidão tenha sido declarada em maio de 1888, muitos ainda vivem uma vida escrava. Historicamente, no período do Brasil Colônia, muitos indígenas foram escravizados, tendo de fazer trabalhos forçados, o que causou muitas mortes por doenças e maus-tratos, mesmo com a resistência de alguns. O comércio de escravos negros, vindos do continente africano, passou a ser um comércio inumano. Mesmo com a Abolição, não houve indenização a essas vítimas. A mão escrava passou a ser a mão de obra explorada pelos grandes latifundiários e indústrias. Com a Proclamação da República, muitos imigrantes também passaram a ter uma vida escravizante nas lavouras. Esses fatos causaram novas formas de escravidão contemporânea.

Hoje, situações degradantes tornaram-se as novas formas de escravidão em nossa sociedade. Isso devido ao analfabetismo, à falta de qualificação, à consequência de muitos escravos não terem recebido instrução e nenhum pedaço de terra para plantar, à exploração do trabalhador em jornadas exaustivas, à exploração do trabalho infantil, ao trabalho por dívida, à exploração sexual. Como combater esses problemas que vão contra os direitos humanos, a dignidade humana?

Lutemos pelo cumprimento de leis trabalhistas conquistadas por vários movimentos sindicais e sociais, denunciemos situações de injustiças, evitemos preconceitos e discriminação, respeitemos cada um, independentemente de sexo, cor, língua, religião. Que possamos erradicar a pobreza, conforme um dos objetivos que constam na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, cobrando políticas públicas nos Municípios onde a camada social menos favorecida é mais atingida. O compromisso político, a empatia, a solidariedade e a fraternidade devem fazer parte das relações sociais, não apenas das pessoais.

Procure, neste novo ano de 2022, promover momentos de instrução social para que os menos favorecidos conheçam seus direitos, pois muitos são iludidos com promessas de melhoria de vida, mas, por ingenuidade, acabam caindo em situações sub-humanas. Promova cursos para aqueles que necessitam de orientação não somente técnica, mas também jurídica. Ensine a ler, a escrever, a ter acesso a novas oportunidades, enfim, a educação deve ser o caminho para a libertação da escravidão contemporânea. Unamos forças em ideias novas.

Maria Terezinha Corrêa
Mestra em Antropologia (USP), especialista em Ensino de Filosofia (UFSCar), graduada em Filosofia (UFJF) e Pedagogia (Unitins), em Teologia pelo Mater Ecclesiae, filiada à ABA, APEOESP e SBPC, atualmente, professora de Filosofia na Prefeitura de São José-SC, membro da Comissão de Prevenção e Combate à Tortura, pela ALESC, voluntária na Pastoral da Pessoa Idosa, ligada à Arquidiocese de Florianópolis, membro da diretoria da Aproffib (Associação de Professores de Filosofia e de Filósofos do Brasil).

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