Dia do Trabalho: entre a Covid 19 e o risco da fome

Diante de um cenário desolador, é preciso coragem e criatividade para encontrar novas possibilidades e oportunidades. Quanto maior a dificuldade, mais necessitamos cultivar a fé em Deus, a confiança em nós mesmos e na humanidade, e a esperança que sempre há algo que se possa fazer quanto se busca o bem de todos.

Neste artigo da Organização Internacional do Trabalho temos uma perspectiva realista da situação atual, não para desanimar, mas para entender o que está acontecendo e buscar alternativas. Boa reflexão para este Primeiro de Maio.

Perda de empregos e o risco de perder os meios de subsistência

Dados mais recentes da OIT sobre o impacto da pandemia de COVID-19 a respeito do mercado de trabalho revelam o efeito devastador sobre as(os) trabalhadoras(es) da economia informal e centenas de milhões de empresas em todo o mundo.

O declínio acentuado e contínuo das horas de trabalho em todo o mundo devido ao surto de COVID-19 significa que 1,6 bilhão de trabalhadoras(es) na economia informal – ou quase a metade da força de trabalho global – correm o risco iminente de ter seus meios de subsistência destruídos, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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De acordo com a terceira edição do “O Monitor da OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho ” (em inglês), a queda nas horas de trabalho no atual trimestre (segundo) de 2020 pode exceder em muito o estimado anteriormente.

Na comparação com os níveis pré-crise (quarto trimestre de 2019), espera-se agora uma redução de 10,5% nas horas de trabalho, o equivalente a 305 milhões de empregos em período integral (assumindo uma semana de trabalho de 48 horas) no segundo trimestre de 2020. A estimativa anterior era de uma queda de 6,7%, o equivalente a 195 milhões de empregos em tempo integral. Isso se deve ao prolongamento e à extensão das medidas de confinamento.

Em termos regionais, a situação piorou para todos os principais grupos regionais. As estimativas indicam uma perda de 12,4% das horas de trabalho no segundo trimestre nas Américas (em comparação com os níveis anteriores à crise) e de 11,8% na Europa e Ásia Central. As estimativas para os demais grupos regionais são bastante próximas e todas excedem 9,5%.

Impacto na economia informal

A crise econômica causada pela pandemia afetou severamente a capacidade de ganhar a subsistência de quase 1,6 bilhão de trabalhadoras(es) na economia informal (o grupo mais vulnerável no mercado de trabalho), de um total de dois bilhões na economia informal em todo o mundo, e de uma força de trabalho global de 3,3 bilhões de pessoas. Isso se deve a medidas de confinamento e / ou porque essas pessoas trabalham em alguns dos setores mais atingidos pela crise.

Estima-se que o primeiro mês da crise tenha resultado em uma queda de 60% na renda das(os) trabalhadoras(es) informais em todo o mundo. Isso se traduz em uma queda de 81% na África e nas Américas, 21,6% na Ásia e no Pacífico e 70% na Europa e Ásia Central.

Sem uma fonte alternativa de renda, essas(es) trabalhadoras(es) e suas famílias não terão meios de sobrevivência.

Empresas em risco

Nas últimas duas semanas, a proporção de trabalhadoras(es) que vivem em países com o fechamento recomendado ou necessário do local de trabalho diminuiu de 81% para 68%. A redução da estimativa anterior de 81%, indicada na segunda edição do Monitor (publicada em 7 de abril), deve-se principalmente às mudanças na China. Em outros países, as medidas de fechamento do local de trabalho aumentaram.

Em todo o mundo, mais de 436 milhões de empresas enfrentam o sério risco de interrupção das atividades. Essas empresas pertencem aos setores mais afetados da economia, incluindo 232 milhões de empresas nos comércios atacadista e varejista, 111 milhões no setor manufatureiro, 51 milhões no setor de hospedagem e serviços de alimentação e 42 milhões no setor imobiliário e outras atividades comerciais.

São necessárias medidas políticas urgentes

A OIT defende a adoção de medidas urgentes, específicas e flexíveis para ajudar as(os) trabalhadoras(es) e as empresas, em particular as empresas menores, as(os) trabalhadoras(es) na economia informal e outras pessoas em situação de vulnerabilidade.

“Para milhões de trabalhadores, a ausência de renda é igual à ausência de comida, de segurança e de futuro. […]À medida que a pandemia e a crise do emprego avançam, a necessidade de proteger a população mais vulnerável se torna mais premente.”

Guy Ryder, diretor-geral da OIT

As medidas para revitalizar a economia devem se basear em uma forte abordagem na criação de empregos e devem ser apoiadas por políticas e instituições de emprego mais fortes, sistemas de proteção social mais abrangentes e com melhores recursos. A coordenação internacional de pacotes de estímulo e de medidas de alívio da dívida também será crítica para tornar a recuperação eficaz e sustentável. As normas internacionais do trabalho, que já possuem consenso tripartite, podem fornecer uma estrutura.

“À medida que a pandemia e a crise do emprego avançam, a necessidade de proteger a população mais vulnerável se torna mais premente”, afirmou Guy Ryder, diretor-geral da OIT. “Para milhões de trabalhadores, a ausência de renda é igual à ausência de comida, de segurança e de futuro. Milhões de empresas em todo o mundo estão à beira do colapso. Elas não têm poupança ou acesso ao crédito. Essas são as verdadeiras faces do mundo do trabalho. Se não forem ajudados agora, simplesmente perecerão”.

Fonte: OIT Notícias / Organização Internacional do Trabalho – 29 de Abril de 2020

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