O Concílio Vaticano II (1962-1965), desconstruiu concepções de vida religiosa daquele tempo e orientou a voltar às origens. Os desafios de hoje fazem eco às orientações do Concílio e continuam convidando-nos a ir às fontes, e, ao mesmo tempo, nos convidam para deixarmos nossas visões superficiais e nos centrar em aspectos fundamentais de nossa vocação missionária.
A Geração Fundante pode nos inspirar na transformação que buscamos. Para além da distância do tempo que nos separa deste início, para além das diferenças de contextos e das visões da realidade que experimentamos como irmãs, a Geração Fundante pode nos ajudar a descobrir algo do fundamento que sustente nossa busca hoje.
Desde o ingresso na Congregação, começamos a aprofundar o conhecimento da primeira geração. Um momento especial, vivenciado por muitas, é a visita aos lugares da memória em Steyl (Países Baixos). Transparece como elas, da mesma forma que Maria, acolheram o Divino em seus corpos, para que a Vida fosse gerada e doada. Em trajetórias obscuras, urdiram um cotidiano fecundo. O Espírito fez sua morada nelas, manifestou sua presença nelas e neles, e deu à luz um novo carisma em meio a fragilidades e contradições que vivenciaram.
No silêncio de seus corações, impresso também naqueles bancos onde faziam suas orações, renovaram dia a dia seu seguimento. A fidelidade à vocação pedia que elas colocassem seus ouvidos perto de seu coração para discernir suas escolhas e escutar o Vento que soprava em seu ser e conduzia seus passos. Mesmo que as circunstâncias e as formas que moldavam seu dia a dia, poucas vezes, fossem claras e evidentes, elas encontraram seu ponto de apoio e segurança na relação de união com Deus, no íntimo de seu ser. Apostavam na dignidade do seu chamado e na solidariedade com o mundo, fizeram caminho e aprendizados possíveis para aquele momento e seguiram suas intuições dentro da complexidade de seu tempo e suas circunstâncias.
Que ressonância faz sua vivência em nós? O despojamento, as decepções e provações que a Geração Fundacional viveu confrontam certas seguranças nas quais hoje nos apoiamos e que limitam e impedem nossa entrega. Como nossa Geração Fundacional, somos convidadas a viver um constante processo de transformação a partir de Algo Maior que nos sustenta.
Para saber mais
2025 será o Ano da Transformação
Irmã Martina Maria Gonzáles García, SSpS
Província Brasil Norte