Dioceses, paróquias, congregações e outras comunidades católicas de todo o mundo continuam a apurar os frutos do Mês Missionário Extraordinário, celebrado em outubro deste ano, depois de convocação do Papa Francisco. A proposta foi recordar os cem anos da Carta Apostólica “Maximum illud”, publicada pelo Papa Bento XV, que tratava da atividade desenvolvida pelos missionários no mundo, e reforçar o dever que todo cristão tem de anunciar Cristo.
Com o tema central “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo e missão no mundo”, o Mês Extraordinário Missionário não se tratou de uma mera estratégia de propaganda. A intenção era de incentivar que cada batizado pudesse primeiramente experimentar um novo e apaixonado encontro com Jesus, para só então transmitir a Boa-Nova aos outros.
Ações foram desenvolvidas em todos os continentes. Em alguns lugares, no Brasil e no exterior, falou-se em “Ano Extraordinário Missionário”, pois as reflexões e atividades ocorreram ao longo de meses.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) ainda faz um balanço das ações, mas Dom Odelir José Magri, presidente da Comissão Episcopal para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial, adianta que a iniciativa foi bem-sucedida. Para ele, o Mês Missionário foi abraçado pelas dioceses, paróquias e comunidades do País e ajudou a aumentar a consciência missionária na Igreja.
Em saída
Falou-se, mais do que nunca, em “Igreja em saída”. A expressão foi usada pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, publicada em 2013, mesmo ano em que assumiu a cadeira de Pedro. Diferentemente do que logo se possa pensar, a expressão vai muito além do ir de porta em porta realizando atividades pastorais.
Cada batizado é representante legítimo da Igreja, parte de seu corpo. Por isso, agir como Jesus, seja em qualquer lugar, é um importante modo de evangelizar, de ser Igreja. Pais e mães de família, trabalhadores, jovens, mulheres, idosos e mesmo as crianças podem anunciar Cristo por onde passam, tanto em palavras, quanto e principalmente em atitudes.
As ações organizadas de evangelização, contudo, têm papel importante. Ao longo do Mês Missionário Extraordinário, diversos grupos visitaram famílias, comunidades carentes, hospitais, escolas, presídios e até empresas para conhecer as diferentes realidades e levar a mensagem cristã. O mesmo ocorreu nas comunidades animadas pelas missionárias servas do Espírito Santo e por outros ramos da Família Arnaldina. A preocupação agora, segundo Dom Odelir, é manter vivo o fogo aceso no Mês Missionário.
Discípulo com os discípulos
Na homilia proferida na missa pelo Dia das Missões, em 20 de outubro, o Papa Francisco recordou o mandado de Jesus de fazer discípulos. “Mas, atenção! Discípulos dele, não nossos. A Igreja só anuncia bem se viver como discípula. E o discípulo segue dia a dia o Mestre e partilha com os outros a alegria do discipulado”, advertiu. O Santo Padre também disse que fazer discípulos não é conquistar, obrigar, fazer prosélitos. Para ele, deve-se colocar ao mesmo nível, discípulo com os discípulos, oferecendo amorosamente o amor recebido de Deus.
“Esta é a missão: oferecer ar puro, de alta quota, a quem vive imerso na poluição do mundo; levar à terra aquela paz que nos enche de alegria, sempre que encontramos Jesus no monte, na oração; mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”, declarou Francisco.
O Santo Padre, recordando a “Evangelii gaudium”, também pediu coragem aos fiéis: “Vá com amor ao encontro de todos, porque a sua vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer. Coragem! Sem medo, vamos ao encontro de todos!”.
Diácono Alessandro Faleiro Marques
Diácono permanente na Arquidiocese de Belo Horizonte, professor de Língua Portuguesa de aspirantes e verbitas estrangeiros na Província Brasil Norte, revisor de textos para as irmãs servas do Espírito Santo.