Narrativas da Criação em outras culturas

A Rede Educacional Missionárias Servas do Espírito Santo escolheu destacar cinco países na edição 2021 da campanha “Semana sem Fronteiras”: Austrália, Eslováquia, Índia, México e Moçambique, onde as irmãs também estão presentes. Para marcar este 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, apresentamos como comunidades de três desses países narram a origem do mundo. É uma forma de valorizar e respeitar a riqueza cultural e religiosas desses povos.

Austrália

O Dreamtime (Tempo do Sonho) é a base da religião e da cultura originária da Austrália. Ele remonta a 65 mil anos. É a história de eventos que aconteceram, como o Universo veio a existir, como os seres humanos foram criados e como o Criador planejou que os humanos agissem no mundo como eles o conheciam. O povo originário entende o Dreamtime como um começo que nunca termina, um período em um continuum de passado, presente e futuro.

Os mitos são a base da sociedade aborígine e apresentam concepções sobre a existência. Por seu folclore sobre a criação do Tempo do Sonho, os aborígines aprendem sobre seus primórdios e as ações importantes dos criadores.

Os aborígenes australianos acreditam, com base no que lhes contaram os ancestrais, que a terra que ocupam não existia como o é hoje. Não havia forma ou vida, era um grande vazio. Foi durante o que se tornou conhecido como o Tempo do Sonho que terra, montanhas, colinas, rios, plantas, formas de vida tanto animais quanto humanas e o céu foram formados pelas ações de espíritos misteriosos e sobrenaturais.

Durante o Tempo do Sonho, os criadores transformaram os homens em mulheres e animais, declararam as leis da terra e como as pessoas deveriam agir umas com as outras. Também surgiram os costumes de fornecimento e distribuição de alimentos, os ritos de iniciação, as leis do casamento, as cerimônias de morte, que devem ser realizadas para que o espírito dos falecidos viaje pacificamente para seu lugar além-túmulo.

Alguns sonhos falam do desaparecimento dos criadores míticos. Acreditam que eles se ocultaram da vista dos meros mortais, mas continuam a viver em lugares secretos. Uns vivem no território da tribo, em fendas nas rochas, árvores e poços de água; outros viraram corpos celestes; outros se tornaram forças naturais, como vento, chuva, trovões e relâmpagos.

Acredita-se que muitos dos criadores continuam a viver na terra ou no céu, cuidando desses povos. Esses criadores sobrenaturais enigmáticos são frequentemente conhecidos como homens e mulheres que tinham a habilidade de se transformar em animais e outras criaturas, como a Serpente do Arco-Íris. Também há histórias de heróis e heroínas, e figuras de pai e mãe.

Pode ser difícil para muitos compreenderem o Dreamtime, mas é parte de quem são os aborígines, a própria essência e razão de estarem neste mundo. É abrangente e estará sempre no centro de sua existência como um povo.

Índia

Na visão do hinduísmo, o Universo tem milhões de anos, criado por Brahma, que o fez a partir de si mesmo. Depois dessa origem, é o poder de Vishnu que preserva o mundo e os seres humanos. De acordo com a crença hindu, na reencarnação, o Universo em que vivemos não é o primeiro nem o último. Como parte do ciclo de nascimento, vida e morte, é Shiva quem destruirá o Cosmos. Para essa religião, isso não é tão ruim como pode parecer, porque permite que Brahma reinicie o processo de criação.

México

No quinto sol, tudo era negro e morto. Os deuses se reuniram em Teotihuacán para discutir a quem caberia a missão de criar o mundo, tarefa que exigia que um deles teria de se jogar dentro de uma fogueira. O selecionado para esse sacrifício foi Tecuciztecatl. No momento fatídico, ele retrocedeu ante o fogo, mas o segundo, um pequeno deus, humilde e pobre (usado como metáfora do povo asteca sobre suas origens), Nanahuatzin, sem vacilar, lançou-se às chamas, convertendo-se no Sol. Ao ver isso, o primeiro deus, sentindo coragem, decidiu jogar-se, transformando-se na Lua. Os dois astros, porém, continuavam inertes e era indispensável alimentá-los para que se movessem. Então outros deuses decidiram sacrificar-se e dar a “água preciosa”, necessária para criar o sangue. Por isso os homens seriam obrigados a recriar eternamente o sacrifício divino original.

Eles acreditavam que sua missão era manter vivo o Sol até o fim dos tempos. Assim, praticavam o sacrifício para repetir o que o deus havia feito por eles. As imolações eram geralmente praticadas com prisioneiros de guerras. Para eles, era uma honra dar a vida por um deus.

Os astecas, assim como outras civilizações da Mesoamérica, capturavam pessoas de tribos, aldeias ou até mesmo de civilizações inimigas para o sacrifício. Eles costumavam atacar no meio da noite ou ao amanhecer. Primeiramente entravam em silêncio, matavam os animais, entravam na cabana do chefe e, em seguida, matavam-no. Após eliminar o chefe inimigo, avançavam sobre os que estavam dormindo ou distraídos. Os que resistiam levavam golpes na cabeça, para ficarem inconscientes. Em seguida, capturavam outras pessoas. Por último, vendiam para os nobres as mulheres, os homens fracos e as crianças; apenas os saudáveis e fortes iam para sacrifício.

Eslováquia e Moçambique

Como a Eslováquia e Moçambique têm população majoritariamente cristã, o relato da Criação predominante nesses países se baseia no livro de Gênesis, tal como é celebrado por outros cristãos e judeus mundo afora. No país africano, há também uma considerável população islâmica. A narrativa dessa religião, contudo, se assemelha à judaico-cristã, como o primeiro ser humano, Adão, sendo proveniente do barro. Para o Alcorão, o mundo também foi criado em seis dias.

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