A farra parecia boa no sofá da casa, mas, depois de risadas e gritinhos de euforia e alegria, um sonoro e forte “Pare com essa brincadura!” saiu da boca de uma criança de uns 5 anos, que estava no meio da folia.
Desde lá, pouco antes do comecinho dos anos 2000, a expressão “brincadura” tem lugar em nosso cotidiano familiar e social.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Magoa, machuca, entristece.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Faz nascer a sensação de abandono, tristeza e solidão.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Dá destaque a características do corpo e nunca parece ser respeitosa.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Cria uma sensação de disputa de força e de saber que passa longe da verdadeira amizade.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Em princípio, pode lembrar algo supostamente engraçado, mas, com o tempo, perde a graça.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Faz parecerem sem valor hábitos e costumes que são apenas diferentes.
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Quem está no centro da “zoação” até dá a entender que não se importa, mas tudo que é demais sobra!
Tem coisa que parece brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
Envolve intrigas, atitudes pouco valiosas e até violentas, e parece não ter fim.
Tem gente zoando, fofocando, repassando informações, usando da força física, criando disputa e isolamentos, imaginando que é brincadeira, mas não é.
É “brincadura”!
E como saber se é brincadeira ou “brincadura”?
Um primeiro passo poderia ser uma simples reflexão: e se fosse comigo?
O que quer uma pessoa ou um bando de pessoas que se juntam para promoverem “brincaduras”?
Estou chamando de “brincadura”, num jeito de simplificar, mas poderia disponibilizar estudos e mais estudos sobre o fenômeno do bullying. Segundo a Lei n.º 13.185/2015, o bullying se refere à intimidação sistemática quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e ainda:
I – ataques físicos; II – insultos pessoais; III – comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV – ameaças por quaisquer meios; V – grafites depreciativos; VI – expressões preconceituosas; VII – isolamento social consciente e premeditado; VIII – pilhérias. (piadas)
Se precisou ser legislado, se virou lei, é porque é papo sério.
Vamos seguir tentando entender que, às vezes, a “brincadura”, que começa como algo que parece simples e inocente, vai se transformando numa onda que sai do controle.
Temos quem agride, quem é vítima e quem está vendo acontecer. Todos precisam mudar as atitudes, seja fazendo um exame de consciência, seja educando para a fraternidade, seja se posicionando, seja se expressando e buscando apoio.
Vamos precisar de todo mundo!
Para finalizar e inspirar tantas mudanças que precisam ocorrer, uma afirmação que nos inspira e orienta: “Somos todos irmãos e irmãs”.
E agora, vamos ao que interessa: “vambora” brincar e nos divertir?!
Se você é adulto e leu este texto, ajude-nos a fazer chegar às mãos e olhos de crianças e adolescentes.
Saiba mais
ABRACE, PROGRAMAS PREVENTIVOS. O que diz a Lei 13.185/2015 – Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Disponível em: https://abraceprogramaspreventivos.com.br/o-que-diz-a-lei-13-185-2015-combate-a-intimidacao-sistematica-bullying/
TRAVENÇOLO JUNIOR, Agostinho. Somos todos irmãos e irmãs. Blog SSpS Brasil, 15 fev. 2024. Disponível em: https://blog.ssps.org.br/somos-todos-irmaos-e-irmas
Maria José Brant (Deka)
Assistente social, analista de Políticas Públicas na Prefeitura de Belo Horizonte, MG, mestra em Gestão Social e mosaicista nas horas vagas.