Navio-hospital Papa Francisco reforça combate à pandemia na Amazônia

Há um ano, o navio-hospital Papa Francisco vem percorrendo o rio Amazonas, levando assistência médica às populações ribeirinhas. O equipamento juntou-se agora ao combate ao novo coronavírus na região, segundo informações publicadas pelo Vatican News. A população da Pan-Amazônia vem sofrendo com a pandemia, que atinge tanto áreas urbanas como as mais isoladas. Os indígenas e ribeirinhos são considerados um grupo de alto risco, sobretudo por causa da baixa imunidade e o abandono histórico por parte do Estado.

A embarcação, que começou a navegar em agosto de 2019, tem 32 metros de comprimento e conta com 23 profissionais de saúde. Entre os serviços oferecidos estão sala de operações, laboratório de análise, farmácia, sala de vacinação, consultórios médicos, oftalmológicos e odontológicos, além de leitos hospitalares e salas para exames de raios X, mamografia, ecocardiograma e testes de estresse.

Um acordo entre o Vaticano e o Estado do Pará tornou possível a construção do navio-hospital. Para a realizar o projeto, o governo paraense destinou indenizações pagas pelas empresas Shell e Basf, após um acidente ambiental que causou 60 vítimas e sérios danos.

“Não poderíamos ficar de fora desta luta. Nós nos unimos, nos reorganizamos em nossos serviços para que, juntos, lutemos contra o covid-19”, explicou o frei Joel Sousa, membro da coordenação do navio, numa entrevista ao Vatican News.

Ambulancha 29 Papa Francisco que opera junto ao
Barco Hospital Papa Francisco em rios amazônicos.

Ele conta que os profissionais do navio estão atendendo principalmente as pessoas que apresentam sintomas de gripe ou sinais leves do covid-19. “Os doentes podem consultar com o médico e também entregamos os medicamentos, em colaboração com a Secretaria de Saúde local”, relatou o religioso.

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Milhares de indígenas estão infectados

Indígenas de vários países da América Latina estão entre os mais vulneráveis à pandemia. A doença causada pelo covid-19 está matando membros de diversas comunidades nativas. Além de terem defesas imunológicas precárias contra doenças, os indígenas também são vítimas de negligências por parte do Estado, conforme já denunciado neste blog.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em meados de junho, pelo menos 20 mil indígenas estavam infectados na bacia do rio Amazonas. A área abrange Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname. “Esses grupos vivem tanto em aldeias isoladas, com acesso mínimo a serviços de saúde, como em cidades densamente povoadas, como Manaus, Iquitos (Peru) e Letícia (Colômbia)”, disse a diretora da OPAS, Clarissa Etienne.

No dia 13 de julho, a América Latina se tornou a segunda região mais atingida pela pandemia no mundo, em número de vítimas fatais. A área está atrás somente da Europa. O número de mortos já alcançou 150 mil e mais de 3,7 milhões de infectados. Os índices podem ser bem maiores, pois há relatos de subnotificação em diversos países, inclusive no Brasil.

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