A Ucrânia, situada no Leste da Europa, é o segundo maior país em área daquele continente. Ela se destaca por sua rica história, cultura vibrante e paisagens deslumbrantes. No entanto, a nação também enfrenta desafios contemporâneos, especialmente desde o início da guerra com a Rússia, em 2022.
História
Habitada desde a Pré-História, a região da Ucrânia viu o surgimento de diversos povos, como os citas e os eslavos. No século IX, o Principado de Kiev floresceu como um importante centro cultural e político na Europa Oriental, unificando grande parte do território ucraniano de hoje. Após a morte de Vladimir, o Grande, em 1015, o Principado se fragmentou, abrindo caminho para invasões mongóis no século XIII. Mais tarde, a região foi dominada por diversos impérios, incluindo o da Polônia-Lituânia e o Império Russo.
No século XVIII, o Império Russo anexou grande parte da Ucrânia, intensificando a “russificação” da cultura e da língua. No século XIX, o nacionalismo ucraniano ganhou força, buscando autonomia e reconhecimento cultural. A Revolução Russa de 1917 trouxe um breve período de independência para a Ucrânia, mas, em 1922, o país foi incorporado à União Soviética. As décadas seguintes foram marcadas por repressão política, fome e sofrimento, como o Holodomor, o genocídio de milhões de ucranianos, vitimados pela fome, em razão da política econômica de Stalin entre 1931 e 1933.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Ucrânia foi um dos principais campos de batalha da Europa Oriental, sofrendo enorme devastação. Após a guerra, o país se tornou uma das repúblicas mais importantes da União Soviética.
Em 1991, com a dissolução da União Soviética, a Ucrânia conquistou sua independência. As primeiras décadas como nação independente foram marcadas por instabilidade política e desafios econômicos. Em 2004 e 2014, a Ucrânia presenciou grandes protestos populares, conhecidos como Revolução Laranja (contra as fraudes na eleição presidencial do país, que beneficiaram o candidato autoritário governista) e Euromaidan (revolta dos estudantes em favor do estreitamento das relações com a União Europeia), que derrubaram governos pró-Rússia considerados corruptos e aproximaram o país da Europa.
Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, que fazia parte da Ucrânia, e apoiou separatistas pró-russos no Leste ucraniano. O conflito armado perdura até hoje, causando milhares de mortes e deslocamentos.
Em fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em larga escala à Ucrânia, gerando uma das maiores crises humanitárias na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A guerra continua em curso, com impactos devastadores para o país e para a geopolítica global.
Política
A Ucrânia é uma república semipresidencialista, com um presidente eleito por voto popular e um primeiro-ministro indicado pelo presidente e nomeado pelo parlamento. O poder é dividido entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O país busca integração à União Europeia e à OTAN, alinhando-se com valores ocidentais. Esse desejo por maior autonomia e aproximação com o Ocidente é um dos principais pontos de atrito com a Rússia.
A guerra em curso com a Rússia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, representa o maior desafio à soberania e integridade territorial ucraniana desde a independência, em 1991. O conflito causa grande devastação no país, com mortes, deslocamentos em massa e destruição de infraestrutura.
Economia
A Ucrânia tem uma economia considerada em desenvolvimento, com um PIB per capita abaixo da média europeia. O setor agrícola é fundamental, com destaque para a produção de grãos e oleaginosas. O país tem recursos naturais abundantes, como minerais e terras férteis, além de um capital humano qualificado. Há um grande potencial para desenvolvimento em diversos setores, como indústria, tecnologia e turismo.
A guerra com a Rússia causa um prejuízo significativo na economia ucraniana, com queda no PIB, aumento da inflação e interrupção das cadeias de suprimentos. A recuperação econômica será um processo árduo e longo.
Impactos humanitários
Mais de 10 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, principalmente mulheres e crianças, buscando refúgio em países vizinhos, como Polônia, Romênia e Hungria. Essa crise de refugiados representa um enorme desafio para os países de acolhimento, que precisam prover abrigo, alimentação, saúde e outros serviços básicos para um grande número de pessoas em situação vulnerável.
Milhões de pessoas também estão deslocadas dentro da própria Ucrânia, buscando refúgio em áreas mais seguras do país. Essas pessoas também precisam de assistência humanitária urgente. Muitos enfrentam dificuldades para acessar alimentos, água potável, medicação e outros itens essenciais.
A guerra causou danos severos à infraestrutura da Ucrânia, incluindo hospitais, escolas, casas e sistemas de energia. Isso tem um impacto direto na qualidade de vida da população, além de dificultar a entrega de ajuda humanitária.
A guerra já causou milhares de mortes e feridos, tanto civis quanto de combatentes. O número real de vítimas é incerto e pode ser ainda maior do que se pensa.
Desafios sociais
O conflito causou traumas psicológicos profundos em milhões de pessoas, agravou a situação de pobreza e provocou o aumento da insegurança alimentar. As desigualdades sociais foram aprofundadas, e os grupos marginalizados foram os mais afetados pelo conflito.
Há relatos de discriminação contra refugiados ucranianos em alguns países de acolhimento. Isso dificulta ainda mais sua integração à sociedade.
Apesar dos desafios, há também sinais de esperança: o povo ucraniano tem demonstrado grande resiliência e força diante das adversidades. Comunidades locais e organizações da sociedade civil se uniram para ajudar os necessitados e fornecer apoio uns aos outros. A comunidade internacional tem mobilizado recursos para auxiliar a Ucrânia, com doações financeiras, envio de alimentos e medicamentos, e acolhimento de refugiados. Continuam os esforços diplomáticos para encontrar uma solução pacífica para o conflito, porém, até o momento, sem sucesso.
Missão das irmãs SSpS na Ucrânia
O trabalho das missionárias servas do Espírito Santo (SSpS) é multifacetado, mas é clara a opção pelos refugiados, migrantes e marginalizados. Elas acolhem os necessitados, distribuem mantimentos, água e medicamentos, dão apoio psicológico e espiritual, cuidam das crianças e idosos, e se dedicam à manutenção da fé e da esperança.
Em meio à guerra, as irmãs representam a resiliência do povo, a força da fé e a chama da esperança que nunca se apaga.
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Bernadette Heluey Moreira Fernandes Barata
Professora de História no ensino médio, no Colégio Stella Matutina, Juiz de Fora-MG.