Fé e política hoje

Fé e política hoje

Vamos dialogar informalmente sobre a relação entre fé e política?
Hoje, existem dois extremos: muitas pessoas têm certo “nojo” da política, como se fosse só um espaço de corrupção e de alianças mafiosas. Não faltam exemplos que corroborem isso, mas… Não acham que essa insistência sobre a corrupção poderia também ser uma estratégia de quem tem o poder, para manter todos os outros distantes dele, desiludidos e desinteressados, e assim seguir administrando dentro de um círculo restrito de controle da política representativa?
Precisamos voltar a acreditar na política, a melhor das políticas, como diz o Papa Francisco.
No outro extremo, há aqueles que manipulam a fé por interesses políticos. Perceberam que a religião pode ser um ótimo instrumento para agregar pessoas em volta de um pensamento fundamentalista, que querem impor somente sua doutrina e não se abre ao diálogo da cidadania, caindo inclusive na discriminação religiosa e chegando frequentemente a adorar Mamona, em lugar de Deus.
Na exortação Evangelii Gaudium, porém, o Papa Francisco retoma uma frase de Papa Pio XII: a política é a melhor forma de amar (EG 205).
Para ser mais claro, volta a explicar-se na encíclica Fratelli Tutti: “Alguém ajuda um idoso a atravessar um rio, e isto é caridade primorosa; mas o político constrói-lhe uma ponte, e isto também é caridade. É caridade se alguém ajuda outra pessoa, fornecendo-lhe comida, mas o político cria-lhe um emprego, exercendo uma forma sublime de caridade que enobrece a sua ação política” (FT 186).
Portanto, a política tem tudo a ver com a fé. Não devemos fugir dela nem permitir que ela use nossa religião de forma manipulada.
Precisamos habitar com o Evangelho todos os espaços políticos. Por isso existe a Doutrina Social da Igreja, que é um ensinamento, um magistério muito sólido e consistente da Igreja, para que nosso jeito de ser cristãos e cristãs leve à transformação da sociedade, inspirando-nos no Reino de Deus.
Precisamos estudar mais a Doutrina Social da Igreja. A CNBB está propondo alguns cursos sobre isso. Como é importante aprofundar e comprometer-se!
Precisamos de mais cristãos e cristãs que se envolvam, com honestidade e paixão, na política.
Mas atenção: não estamos falando só de política representativa, aquela que elege algumas pessoas e depois, por quatro anos, esquece-as no cargo que lhes foi confiado. Estamos falando de participação.
Todas as formas de se organizar na sociedade para proteger e garantir o bem comum são política. O bem comum, o bem viver, a ecologia integral são todas expressões de uma visão ampla, inclusiva, como a utopia do Reino de Deus.
E são todas as perspectivas que começam a ser organizadas e construídas a partir dos territórios. Papa Francisco, por exemplo, valoriza muito o diálogo da Igreja com os movimentos populares, que ele chama de “semeadores da mudança, poetas sociais” (FT 169). Portanto, é a partir dos territórios que nossa fé se torna política.
Pela fé, os cristãos denunciam uma injustiça, uma situação de exclusão, desigualdade ou falta de oportunidades.
Pela fé, os cristãos se organizam e participam nos conselhos e assembleias que debatem o bem comum e projetos coletivos num bairro, numa cidade, numa região…
Pela fé, defendem seus territórios, como fez recentemente uma comunidade cristã urbana, que se organizou contra a especulação imobiliária e conseguiu defender uma área verde em seu bairro. Ou como está fazendo a Pastoral da Moradia, que luta pelos direitos a saneamento básico, transporte, saúde e educação nas favelas e grandes periferias. Ou ainda como faz o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que repudia o marco temporal porque este condena os povos indígenas e faz os interesses do agronegócio invasor.
Pois é, a política não está tão distante de nós. Todos e todas nós podemos ser “artesãos da paz”, recorda o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz em 2022.
A paz e a melhor política estão em nossas mãos e se constroem a partir dos territórios onde vivemos.

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