Para concluir a série “Espiritualidade e ecologia integral”, a Ir. Ana Elidia Caffer Neves, missionária serva do Espírito Santo e coordenadora da Província Stella Matutina, propõe o terceiro passo para a conversão ecológica: o cuidado com o meio ambiente. Ao lado da espiritualidade (veja a parte I) e da prática de relações justas (parte II), como esse gesto, podemos transformar a vida em nossa casa comum. Veja!
A ecoespiritualidade e a prática de relações justas expandem nossa percepção, levando-nos de uma visão egocêntrica e antropocêntrica para uma consciência cosmocêntrica, que reconhece a interconexão de todos os seres e o mistério do amor divino que permeia a Criação.
Conforme amadurecemos espiritualmente e assumimos um compromisso autêntico com a humanidade e com a casa comum, o cuidado com o meio ambiente passa a ser algo natural, enraizado em nossa existência. Essa é a verdadeira conversão ecológica.
Contudo, enquanto estamos em transformação e o zelo pela Criação ainda não é algo espontâneo em nossa cultura, precisamos agir conscientemente, tanto no nível micro, por meio de ações pessoais e comunitárias, quanto no macro, influenciando políticas públicas e promovendo mudanças estruturais em favor da vida no planeta.
Como educadores, temos um papel essencial na proteção ambiental. Somos agentes de mudança, influenciando tanto o indivíduo e a comunidade quanto a sociedade e as políticas públicas.
Nível micro: transformação individual e comunitária
Para gerar mudanças sustentáveis, é essencial sensibilizar, educar e formar uma nova mentalidade ecológica. Algumas ações concretas incluem:
- Conscientização e sensibilização: ensinar, desde cedo, sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e preservação ambiental.
- Exemplo prático: implementar hábitos ecológicos no cotidiano escolar, como reciclagem, hortas comunitárias e economia de recursos.
- Metodologias ativas: promover projetos interdisciplinares e atividades ao ar livre que fortaleçam a conexão dos alunos com a natureza.
- Desenvolvimento do senso de responsabilidade: incentivar pequenos atos diários que fazem grande diferença, como economizar água, reduzir o consumo e preservar áreas verdes.
Transição do micro para o macro: mobilização e expansão
A mudança individual deve se expandir para a sociedade. Para isso, podemos:
- Engajar a comunidade: criar parcerias com famílias, empresas locais e organizações para ampliar o impacto ambiental.
- Formar multiplicadores: inspirar alunos a se tornarem líderes ambientais, disseminando boas práticas em suas comunidades.
- Criar políticas escolares sustentáveis: incentivar a implementação de programas ecológicos dentro das escolas.
- Mobilizar para mudanças estruturais: organizar debates, campanhas e eventos que pressionem por políticas públicas sustentáveis.
Nível macro: influência na sociedade e políticas públicas
A mudança precisa alcançar a sociedade como um todo. Algumas ações essenciais incluem:
- Educação para a cidadania planetária: formar cidadãos críticos que cobrem ações sustentáveis de governos e empresas.
- Integração com políticas públicas: participar ativamente de fóruns, conferências ambientais e redes de educação sustentável. Exemplo disso é o envolvimento com a Vivat International e o acompanhamento da COP30.
- Construção de uma cultura de sustentabilidade: fazer com que a preocupação ecológica se torne um valor essencial na sociedade.
A escola tem um papel fundamental nessa construção. Pelo trabalho diário de cada educador, cada educadora, podemos influenciar mudanças de longo alcance, transformando a proteção ambiental em um compromisso coletivo.
Essa transformação, contudo, somente será real se cada um de nós se abrir a uma nova consciência. Precisamos viver uma espiritualidade que nos conecte com Deus, com o próximo e com a Criação, cultivando relações justas e dando testemunho concreto de nosso cuidado com a vida.
Conclusão: um chamado urgente à conversão
Que essa reflexão nos ajude a compreender nossas ações e relações, e nos desperte para a necessidade urgente de mudança. Não podemos mais ignorar o grito da Trindade que ressoa na dor da Mãe Terra e no sofrimento de nossos irmãos e irmãs marginalizados. “A conversão ecológica e a vida sustentável se tornam para nós um compromisso ético inalienável.”
Diante disso, precisamos nos perguntar:
- Entendemos que essa conversão ecológica é uma questão de vida ou morte?
- Compreendemos que o futuro das novas gerações depende do que fizermos agora?
- Estamos cientes de que o tempo está se esgotando?
- Percebemos que amanhã pode ser tarde demais?
Que o Deus Uno e Trino, fonte infinita de amor e compaixão, nos guie nessa jornada de conversão ecológica. Que nossas atitudes em favor da vida, dos vulneráveis e do cuidado com a Mãe Terra se tornem verdadeiros atos de louvor ao Criador!
Para saber mais
Parte I: Passos para uma conversão ecológica
Parte II: A prática de relações justas
2025 será o Ano da Transformação
Irmã Ana Elidia Caffer Neves, SSpS
Coordenadora da Província Stella Matutina (Brasil Norte).